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Montenegro extraditará aos EUA magnata sul-coreano das criptomoedas

O magnata das criptomoedas, cujo nome verdadeiro é Kwon Do-Hyeong, é procurado pela falência de sua empresa Terraform Labs, fundada em 2018, que desenvolveu as moedas virtuais TerraUSD e Luna

Policiais montenegrinos escoltam o empresário sul-coreano Do Kwon em Podgorica, 23 de março de 2024 (AFP)

Policiais montenegrinos escoltam o empresário sul-coreano Do Kwon em Podgorica, 23 de março de 2024 (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 17h27.

Última atualização em 27 de dezembro de 2024 às 18h57.

Montenegro extraditará aos Estados Unidos, e não à Coreia do Sul, o empresário sul-coreano das criptomoedas Do Kwon, cerca de dois anos após sua detenção em Podgorica, capital montenegrina, sob suspeita de um esquema de fraude bilionário.

O magnata das criptomoedas, cujo nome verdadeiro é Kwon Do-Hyeong, é procurado pela falência de sua empresa Terraform Labs, fundada em 2018, que desenvolveu as moedas virtuais TerraUSD e Luna.

O ministro da Justiça de Montenegro, Boja Bozovic, anunciou nesta sexta-feira, 27, a extradição de Do Kwon para os Estados Unidos, encerrando um longo processo judicial.

A decisão foi rapidamente denunciada como "ilegal" pelos advogados do empresário.

Do Kwon foi preso em março de 2023 no aeroporto de Podgorica enquanto tentava embarcar para Dubai com um passaporte costa-riquenho falso.

O empresário estava foragido há meses, depois de deixar a Coreia do Sul e, posteriormente, Singapura, antes que sua empresa falisse em 2022.

Tanto Seul quanto Washington solicitaram sua extradição devido à suposta participação em um esquema de fraude relacionado à falência de sua companhia, que resultou no desaparecimento de cerca de US$ 40 bilhões (R$ 248 bilhões, cotação atual) em valor e abalou os mercados globais de criptomoedas.

Do Kwon declarou nos Estados Unidos a falência de sua empresa, sediada em Singapura, conforme informado pela companhia em janeiro.

Decisão "ilegal"

Após uma série de decisões judiciais em Montenegro, a Corte Constitucional do país removeu o último obstáculo na terça-feira.

O tribunal anunciou que rejeitou o recurso dos advogados de Do Kwon, que contestava a decisão de setembro da Corte Suprema de que as condições para sua extradição para a Coreia do Sul e os Estados Unidos estavam atendidas.

Segundo a Corte, Do Kwon "concordou com a extradição" para qualquer um dos países.

Os advogados montenegrinos de Do Kwon, Marija Radulovic e Goran Rodic, criticaram, no entanto, a decisão do ministro da Justiça de não comunicar oficialmente sua decisão antes do fim do dia.

"É uma violação drástica dos direitos humanos fundamentais de Do Kwon, como o direito à defesa e o direito de apelação", declararam os advogados em comunicado enviado à AFP.

Eles consideram que a decisão do ministro é "ilegal" e contrária à Convenção Europeia de Extradição, afirmando que os tribunais haviam decidido por duas vezes, "avaliando os mesmos parâmetros", que seu cliente poderia ser extraditado para a Coreia do Sul.

Do Kwon foi detido junto com seu diretor financeiro, que foi extraditado em fevereiro para a Coreia do Sul.

"Gênio"

Kwon, que trabalhou na Apple e na Microsoft, alcançou sucesso rapidamente, atraindo bilhões em investimentos e chamando a atenção da mídia mundial. Os veículos de imprensa sul-coreanos o apelidaram de "gênio".

A Terra foi apresentada como uma criptomoeda estável (US$ 1 por um terra), supostamente menos volátil do que uma criptomoeda clássica como o bitcoin, cujo preço oscila conforme oferta e demanda.

Mas, ao contrário das principais criptomoedas estáveis, sua estabilidade era garantida por um algoritmo e não por reservas próprias em moedas estrangeiras ou outros ativos tangíveis.

Segundo especialistas, Kwon criou um esquema de pirâmide financeira, em que os investimentos de clientes antigos eram essencialmente pagos com os fundos fornecidos por novos investidores.

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