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Mitt Romney tenta pragmatismo para ganhar

Candidato republicano perdeu nesta terça-feira à noite nas assembleias populares

Diante das derrotas, ele insistiu nesta quarta-feira que não é possível vencer em todos os estados (Ethan Miller/Getty Images)

Diante das derrotas, ele insistiu nesta quarta-feira que não é possível vencer em todos os estados (Ethan Miller/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2012 às 12h09.

Washington - O ex-governador de Massachusetts Mitt Romney voltou a demonstrar sua incapacidade de receber o voto dos eleitores mais conservadores nas primárias presidenciais dos Estados Unidos e reiterou seu apelo ao pragmatismo, além de investir mais dinheiro na própria campanha.

Romney, mórmon e pai de cinco filhos, perdeu nesta terça-feira à noite nos caucus (assembleias populares) realizados em Minnesota e Colorado, e nas primárias do Missouri, no que representou o novo renascer de Rick Santorum, pré-candidatos com menos recursos mas convicções mais próximas ao espírito tradicional conservador.

Diante das derrotas, ele insistiu nesta quarta-feira que não é possível vencer em todos os estados, opinião divulgada por assessor Stuart Stevens. 'Gostaríamos de ganhar em todas as partes, mas não podemos. Focamos nos estados que são essenciais sobre como vemos o caminho para a nomeação'.

Mas as disputadas primárias republicanas de 2012 estão sendo um exemplo de indecisão por parte dos eleitores que muitos analistas consideram reflexo da cisão aberta dentro do Partido Republicano, cujos simpatizantes parecem só encontrar unidade em sua oposição ao atual presidente, o democrata Barack Obama.

O Partido Republicano, cuja identidade aparece fragmentada, busca agora seu voto entre uma amálgama de conservadores moderados, cristãos evangélicos renascidos, libertários do movimento ultradireitista Tea Party e eleitores desencantados com Obama.

Tal como um livro de suspense, foram se sucedendo os primeiros capítulos da seleção do candidato que buscará devolver a Casa Branca aos republicanos, quatro anos após a derrota eleitoral do senador John McCain.


Primeiro, no pequeno estado do meio oeste Iowa, Romney e Santorum encenaram uma disputa que outorgou a vitória final a Santorum, semanas após a realização dos caucus.

Em seguida, Romney arrasou em New Hamsphire, estado vizinho a Massachusetts, onde o ex-governador possui uma casa de veraneio.

No terceiro episódio, e quando se esperava que Romney selasse o final da partida, perdeu por uma dúzia de pontos percentuais as primárias da Carolina do Sul para o ex-presidente da Câmara dos Representantes Newt Gingrich, que irrompeu como alternativa dos sulistas.

No entanto, no final de janeiro, o ex-governador de Massachusetts obteve uma folgada vitória contra Gingrich na Flórida, enquanto caiu a popularidade de Santorum. Nesse momento, Romney emergiu como o candidato mais forte, uma imagem que se repetiu em Nevada.

Até assim sua campanha, que foi ganhando apoios dos mais variados e, o que é mais importante, maiores fundos, parece incapaz de lavar sua imagem distante, fria e desapaixonada.

Ele continua sendo visto como um milionário carente de autenticidade, desconectado das bases conservadoras do partido mais afetadas pela crise e que se mostram céticas com um aspirante que revela renda anual de US$ 20 milhões.


Para seduzir um amplo espectro de eleitores, Romney obteve o respaldo explícito do senador e ex-candidato McCain, justamente quem o venceu nas primárias de 2008; do governador de Porto Rico, o hispânico Luis Fortuño; e do magnata imobiliário Donald Trump.

No entanto, o cartaz de candidato 'oficial' e amigo de Wall Street permanece estampado em sua testa por seus tempos à frente de um fundo de investimentos com os quais sustentou sua fortuna.

Frases infelizes como 'não me preocupam os muito pobres', em entrevista após vencer na Flórida, não o ajudaram a se desfazer desse rótulo.

Além disso, sua religião mórmon, a proximidade de algumas de suas leis como governador às de Obama (promulgou uma reforma do sistema de saúde similar) e suas dúbias respostas deterioraram sua popularidade.

Romney só brilha nas pesquisas de opinião quando se pergunta às bases republicanas quem se considera o candidato com mais chances de tirar os democratas da Casa Branca.

É algo que se verá nas próximas escalas da caravana republicana com destino à grande convenção do partido a ser realizada em agosto, na Flórida. Mas, para isso, ainda resta um longo caminho. O próximo episódio da saga será em 28 de fevereiro, no Arizona e Michigan, seu estado natal e onde seu pai foi governador no anos 1960. 

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