(Vatican Media/AFP)
Redação Exame
Publicado em 7 de maio de 2025 às 09h51.
Última atualização em 7 de maio de 2025 às 09h55.
O processo do conclave que elegerá o sucessor do papa Francisco começou nesta quarta, 7, com uma missa. Em seguida, os cardeais serão isolados para dar início ao processo de votação.
Cerca de 5.000 fiéis, juntamente com mais de 200 cardeais, bispos e líderes religiosos, participaram da celebração"Pro eligendo pontifice" na Basílica de São Pedro, antes de os cardeais se reunirem no conclave, enquanto pequenos grupos se reuniram na praça em frente aos telões que transmitiram a cerimônia.
Os fiéis que quiseram visitar a Praça de São Pedro tiveram que passar por postos de controle da polícia para entrar, enquanto centenas de jornalistas se reuniram na adjacente Piazza Pio XII e nas plataformas montadas para acompanhar, a partir das 19h (hora local, 14h de Brasília), a primeira fumaça após a única votação da tarde.
A missa começou às 10h (5h), presidida pelo cardeal decano Giovanni Battista Re.
"Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar sua luz e sua força, para eleger o papa que a Igreja e a humanidade precisam neste momento difícil e complexo da história", disse Re aos 133 cardeais que se fecharão hoje na Capela Sistina a partir das 16h30 (hora local, 11h30 de Brasília), para a votação.
O cardeal decano lembrou aos cardeais eleitores que estão se preparando para “um ato da mais alta responsabilidade humana e eclesial" e que, diante disso, "devem abandonar todas as considerações pessoais e ter em suas mentes e corações somente o Deus de Jesus Cristo e o bem da Igreja e da humanidade".
Na homilia, em que o decano do Colégio Cardinalício traça tradicionalmente o perfil do próximo pontífice, Re destacou que Jesus deu o exemplo "no início da última ceia com um gesto surpreendente: abaixou-se para servir os outros, lavando os pés dos apóstolos, sem discriminação, sem excluir Judas, que o iria trair".
Entre as tarefas do próximo sucessor de Pedro, segundo ele, estará "aumentar a comunhão de todos os cristãos" e "dos bispos com o papa". "Não uma comunhão autorreferencial, mas inteiramente voltada para a comunhão entre pessoas, povos e culturas", frisou o decano.
Re, tem 91 anos e não entrará na Capela Sistina. Ele lembrou aos cardeais que "há um forte chamado para manter a unidade da Igreja no caminho traçado por Cristo para os apóstolos".
“Unidade não significa uniformidade, mas sim comunhão firme e profunda na diversidade, desde que permaneça plenamente fiel ao Evangelho”, ressaltou. "Rezemos, portanto, para que o Espírito Santo, que nos últimos cem anos nos deu uma série de pontífices verdadeiramente santos e grandes, nos dê um novo papa segundo o coração de Deus, para o bem da Igreja e da humanidade", acrescentou.
“Rezemos para que Deus conceda à Igreja o papa que melhor saiba despertar as consciências de todos e as forças morais e espirituais da sociedade atual, caracterizada por um grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus”, completou.
O cardeal também salientou que "o mundo de hoje espera muito da Igreja para salvaguardar esses valores humanos e espirituais fundamentais, sem os quais a convivência humana não será melhor nem trará bem às gerações futuras".
Por fim, Re concluiu sua homilia pedindo que "o Espírito Santo ilumine as mentes dos cardeais eleitores e os una na eleição do papa que nossos tempos precisam".
No período da tarde, os 133 cardeais aptos a votar, por terem menos de 80 anos, serão convocados às 16h15 (11h15). Em seguida, começará a primeira votação.
A fumaça deve subir a partir das 19h (14h), e quase certamente será escura. Isso significa que nenhum dos nomes terá chegado a dois terços dos votos (89), mas este é o momento que poderá concentrar o maior número de fiéis na Praça de São Pedro.
Por enquanto, os veículos foram retirados das ruas ao redor do Vaticano, mas nenhuma via está fechada ao tráfego, já que um grande fluxo é esperado somente após a chegada da fumaça branca, que anuncia a chegada de um novo papa.
Por sorteio, três cardeais são designados "escrutinadores", outros três "infirmarii" (encarregados de recolher o voto dos purpurados doentes) e três mais como revisores para verificar a contagem.
Sentados juntos, os cardeais recebem cédulas retangulares com a frase "Eligo in Summum Pontificem" ("Elejo como Sumo Pontífice") na parte superior, com um espaço em branco abaixo. Os eleitores escrevem o nome de seu candidato à mão, "com caligrafia o mais irreconhecível possível", e dobram a cédula. Em tese, é proibido votar no próprio nome.
Cada cardeal se dirige ao altar, segurando sua cédula no ar para que seja bem visível e pronuncia em voz alta o seguinte juramento em latim: "Ponho por testemunha a Cristo Senhor, que me julgará, de que dou meu voto a quem, na presença de Deus, acredito que deve ser eleito".
Em seguida, ele deposita sua cédula em um prato e a desliza na urna diante dos escrutinadores, faz uma reverência diante do altar e volta para sua cadeira.
Os cardeais cujo estado de saúde ou idade avançada os impede de se aproximar do altar entregam seu voto a um escrutinador, que o deposita na urna em seu lugar.
Uma vez recolhidas todas as cédulas, um escrutinador agita a urna para misturá-las, transfere as cédulas para um segundo recipiente e outro cardeal as conta.
Dois escrutinadores anotam os nomes, enquanto um terceiro os lê em voz alta e perfura as cédulas com uma agulha no ponto em que está a palavra "Eligo". Os revisores comprovam em seguida que não foram cometidos erros.
Se nenhum cardeal conquistar dois terços dos votos, os eleitores procedem a uma nova votação. Exceto no primeiro dia, são previstas duas votações pela manhã e duas pela tarde até a proclamação de um papa.
As cédulas e as anotações feitas pelos cardeais são queimadas a cada duas rodadas de votação. A chaminé, visível pelos fiéis na praça de São Pedro, expele fumaça preta se nenhum papa for eleito e fumaça branca em caso de eleição do novo pontífice.
Após três dias sem definir um pontífice, a votação é suspensa para um dia de oração.
O cardeal eleito deverá responder a duas perguntas do decano: "Aceita sua eleição canônica para Sumo Pontífice?" e "Como deseja ser chamado?". Caso responda sim à primeira, torna-se papa e bispo de Roma.
Um por um, os cardeais expressam um gesto de respeito e obediência ao novo papa, antes do anúncio aos fiéis.
Da varanda da basílica de São Pedro, o cardeal protodiácono anuncia "Habemus papam". Em seguida, o novo pontífice aparece e pronuncia a bênção "urbi et orbi" (À cidade e ao mundo). Em seguida, faz seu primeiro pronunciamento no cargo.
Com EFE e AFP.