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Minorias australianas impulsionam vacinação no país

A pandemia continua a afetar os ricos e os pobres de maneira diferente, expondo lacunas étnicas e culturais que podem levar tempo para serem preenchidas

Membro da comunidade sikh é vacinado em Sydney, Austrália. (AFP/AFP)

Membro da comunidade sikh é vacinado em Sydney, Austrália. (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 11 de setembro de 2021 às 16h40.

Nas cidades australianas afetadas pela covid, representantes das minorias do país lutam, em várias línguas, contra a desinformação e o isolamento de algumas comunidades e preenchem o vácuo deixado por um governo central que se dirige aos seus cidadãos essencialmente em inglês.

Sob os minaretes de uma mesquita no oeste de Sydney, 500 pessoas foram vacinadas em uma clínica temporária. Muitos não saíam de casa há muito tempo.

"Só quero voltar a trabalhar, voltar à vida", diz Omar Mussawel, vacinado na esperança de que o confinamento em Sydney, que já dura quase três meses, acabe em breve.

Quando a epidemia se espalhou nesta cidade no final de junho, a falta de doses tornou os esforços nacionais de imunização extremamente lentos.

Medos e desinformação, especialmente sobre a vacina AstraZeneca, se espalharam facilmente.

Khaled Kamalmaz, coordenador de saúde da associação muçulmana libanesa, lembra que os rumores rapidamente ganharam espaço em todas as línguas. O grupo recorreu a xeques e líderes religiosos, que foram vacinados para dar o exemplo e combater a desinformação.

As comunidades também se juntaram às autoridades locais, que estão cada vez mais conscientes do problema. "O boca a boca é muito poderoso aqui", diz Quinn On, farmacêutico que abastece as grandes comunidades chinesas e vietnamitas de Sydney.

"Temos uma população idosa, muito relutante em se vacinar, principalmente com AstraZeneca", afirma.

Andre Renzaho, pesquisador da Western University em Sydney, acredita que "o governo ainda não desempenhou um papel suficiente para dissipar esses mitos".

"Posso garantir que o impacto do WhatsApp, Messenger, TikTok nas comunidades (minoritárias) é muito mais importante do que o que o governo pode imaginar", afirma.

A pandemia continua a afetar os ricos e os pobres de maneira diferente, expondo lacunas étnicas e culturais que podem levar tempo para serem preenchidas.

Em Melbourne, cinco milhões de pessoas vivem atualmente seu sexto confinamento desde o início da epidemia. Nas áreas mais afetadas, muitos não conseguem trabalhar de casa. Grupos familiares muito unidos dependem uns dos outros para suas necessidades mais básicas.

Em julho de 2020, no auge dos contágios nesta cidade do sudeste, Mohamud Omar, de 31 anos, estava entre centenas de moradores dos prédios de moradia popular em "confinamento estrito".

Ele passou cinco dias em seu apartamento com sua esposa e filho de um ano, sem poder sair de casa por qualquer motivo. Incapaz de obter comida para sua família, procurou organizações comunitárias locais.

"Eles nos trataram de forma diferente. O governo deve assumir suas responsabilidades e pedir desculpas", reclama.

A epidemia em Sydney piorou, atingindo mais de mil casos por dia, mas os esforços da comunidade estão valendo a pena e a hesitação está sendo deixada para trás.

As regiões com grandes populações minoritárias estão entre as que suportam o fardo da vacinação. On e sua equipe realizaram mais de 3.000 injeções em menos de um mês.

Nova Gales do Sul é agora o estado do país com a maior taxa de vacinação e em poucas semanas 70% dos adultos estarão totalmente vacinados, encerrando o confinamento.

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