"Estamos enfrentando uma crise pela sobrevivência", disse o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. (Victor Fraile/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2010 às 16h17.
Bruxelas - Os ministros das Finanças da zona do euro estão reunidos nesta terça-feira em Bruxelas em um contexto de crise, agora que a probabilidade de uma ajuda à Irlanda, ao menos para os bancos, cresce e que os riscos de contágio a outros países, como Portugal, se acentuam.
O encontro começou agora à tarde, em Bruxelas e será seguido, amanhã, de uma nova reunião, num contexto muito delicado.
"Estamos enfrentando uma crise pela sobrevivência", não hesitou em dizer nesta terça-feira o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.
"Devemos trabalhar em conjunto a fim de ajudar a zona do euro a sobreviver. Se isso não acontecer, a União Europeia também não sobreviverá", acrescentou, evidenciando as preocupações sobre o futuro da união monetária.
Dublin, em particular, está sendo pressionado por alguns de seus parceiros e principalmente pelo Banco Central Europeu a aceitar uma injeção financeira, para tranquilizar os mercados e evitar um fenômeno de contágio a outros países da zona do euro.
O enorme déficit da Irlanda, que atinge 32% do Produto Interno Bruto este ano, preocupa os investidores, fazendo com que as taxas de juros dos títulos do governo disparassem em níveis sem precedentes.
Mas, até o momento, o governo irlandês recusa-se a aceitar ajuda, considerando ter como refinanciar sua dívida, tentando evitar uma intervenção externa que correria o risco de ser vivenciada como uma perda intolerável da soberania.
"A Irlanda não solicitará ajuda financeira alguma porque nós estaremos totalmente financiados até o meio do ano que vem", declarou o primeiro-ministro irlandês Brian Cowen na noite de segunda-feira.
No entanto, "estamos discutindo com nossos parceiros sobre a melhor maneira de reforçar a estabilidade financeira e bancária", acrescentou.
Segundo a imprensa irlandesa, o governo pode aceitar uma ajuda europeia se esta for destinada unicamente a retirar o setor bancário da tempestade.
A rede de segurança de 750 bilhões de euros posta à disposição dos europeus na primavera para os países da zona do euro em dificuldade não está prevista para ajudar diretamente os bancos individuais.
Mas uma parte, ou ainda a totalidade, do apoio a um Estado pode sempre, como no caso da ajuda à Grécia, ser orientada em favor do setor bancário, segundo uma fonte europeia.
O BCE tende, em todo caso, para um plano de ação rápido para a Irlanda, já que teme graves repercussões sobre o mercado de títulos da dívida do Estado. A instituição financeira recebe o apoio de países como Portugal e Espanha que querem evitar a crise.
Os temores de um possível contágio da crise irlandesa persistem em países como Portugal, Grécia e Espanha, cujas taxas da dívida de longo prazo subiram vertiginosamente na semana passada.
Portugal continua particularmente preocupado, mesmo que seu Parlamento tenha votado no dia 3 de novembro, em primeira leitura, um orçamento de um rigor inédito para 2011.
O ministro português das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, falou de um risco "elevado".
"Nós não enfrentamos um problema de um país apenas. É o problema da Grécia, de Portugal e da Irlanda", disse.