Imigrantes em barco no Mar Mediterrâneo: a UE prepara medidas para lutar contra as redes de tráfico de imigrantes (Jason Florio/Handout via Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2015 às 11h28.
Bruxelas - Os ministros de Relações Exteriores e Defesa da União Europeia (UE) esperam dar nesta segunda-feira o primeiro passo para iniciar uma missão naval contra o tráfico ilegal de imigrantes em águas do Mar Mediterrâneo, o que poderia contemplar a destruição das embarcações utilizadas pelas máfias, com o apoio da ONU.
A UE prepara há semanas medidas para lutar contra as redes de tráfico de imigrantes, especialmente depois do aumento do número de pessoas que tentam chegar à Europa de forma irregular em embarcações precárias que muitas vezes partem da Líbia e causam um grande número de mortos quando naufragam.
Essas medidas podem ser concretizadas na segunda-feira, em uma nova missão da Política de Defesa e Segurança Comum da UE, cujo "conceito de gestão" inicial pode ser aprovado pelos ministros das Relações Exteriores e Defesa, que participarão de um conselho conjunto.
Este seria o primeiro passo para iniciar a operação, com a designação da sede central, do comando e do primeiro planejamento da missão, que só será iniciada posteriormente, talvez por causa da cúpula dos líderes da UE no final de junho, segundo a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini.
A Espanha pediu cautela sobre o momento de ativação da missão europeia, para o qual "não foram estabelecidos" prazos, a fim de continuar dando uma chance aos esforços da ONU para facilitar o diálogo entre as diferentes facções líbias e conseguir formar um governo de unidade no país.
"Nossa prioridade é a negociação" do representante especial do secretário-geral da ONU na Líbia, Bernardino León, segundo disse ao longo da semana o secretário de Estado espanhol de Relações Exteriores, Ignacio Ybáñez, que enfatizou que "os esforços estão voltados para isso".
A UE propôs uma missão por etapas que, em última instância, pode precisar do aval das autoridades líbias, o que é impossível até que o país consiga um governo de unidade ou um mandato do Conselho de Segurança da ONU.
Primeiramente, a missão se encarregaria de resgatar imigrantes nas águas do Mediterrâneo, agir contra embarcações das máfias que estiverem em águas internacionais e sem bandeira, e, por último, a destruição de navios utilizados pelas máfias, o que precisaria da permissão das novas autoridades líbias ou da ONU.
Para tentar obter o mandato das Nações Unidas, Mogherini viajou para Nova York durante a semana para expor a dimensão do drama migratório enfrentado pela UE no Mediterrâneo e tentar ganhar o apoio dos países com direito de veto no Conselho de Segurança.
A China já havia mostrado reservas, assim como a Rússia, que considera "ir longe demais" destruir as embarcações das máfias por "ir contra o direito internacional", como disse recentemente o embaixador russo para a UE, Vladimir Chizhov. Os Estados Unidos duvidam que a situação no Mediterrâneo represente uma ameaça para a paz e a segurança internacionais, segundo fontes europeias.
"Não estamos planejando uma intervenção militar absoluta na Líbia, mas uma operação naval em coordenação com as autoridades líbias, para acabar com o modelo de negócio das organizações criminosas que estão traficando pessoas", declarou Mogherini.
Os ministros comunitários de Relações Exteriores e Defesa também farão uma análise das missões que a UE desenvolve atualmente em sua Política de Defesa e Segurança Comum, de modo a preparar o Conselho Europeu de junho, que abordará como assunto central as maneiras de melhorar a política de defesa europeia.
Ao longo do almoço de trabalho, os ministros falarão sobre as ameaças para a segurança procedentes da vizinhança europeia, especialmente das crises em países como Síria, Líbia, Iêmen, Guiné e Ucrânia, e também sobre as ameaças híbridas, que além da força utilizam sistemas como a desinformação para desestabilizar um país.
Os ministros das Relações Exteriores também abordarão a situação no Oriente Médio, a necessidade da retomada das negociações do processo de paz, e a crise no Burundi. EFE