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Ministros árabes apoiam plano de Kofi Annan para Síria

A proposta de Annan estipula um fim das hostilidades na Síria sob a supervisão da ONU e a libertação dos presos nos protestos antigovernamentais

Os projetos de resolução pedem ao regime do presidente sírio, Bashar al Assad, o fim 'imediato' de todo tipo de violência (YouTube/AFP)

Os projetos de resolução pedem ao regime do presidente sírio, Bashar al Assad, o fim 'imediato' de todo tipo de violência (YouTube/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2012 às 19h18.

Bagdá - Os chefes da diplomacia árabe confirmaram nesta quarta-feira em Bagdá seu respaldo total ao plano do enviado especial para a Síria, Kofi Annan, aceito pelo regime de Damasco, para buscar uma saída ao conflito sírio.

Esse apoio se reflete no projeto de resolução sobre o qual os ministros trabalharam para ser aprovado na quinta-feira pelos chefes de Estado e de governo que participarão da cúpula árabe de Bagdá.

Um total de 17 ministros de Relações Exteriores participou da reunião, enquanto outros enviaram representantes de menor categoria.

Em uma grande entrevista coletiva após o encontro desta quarta-feira, o ministro iraquiano de Relações Exteriores, Hoshiyar Zebari, explicou que 'a novidade agora é o acoplamento das posições árabe e internacional, que talvez conduza à unidade das duas posturas'.

Segundo o responsável iraquiano, essa coordenação árabe com a comunidade internacional pressionará mais o governo e a oposição sírios para que cumpram com a iniciativa de Annan.

Nesse sentido, Zebari destacou que assim como o Executivo de Damasco aceitou esse plano, a oposição 'não tem um discurso unificado, por isso deve buscá-lo'.

A proposta de Annan estipula um fim das hostilidades na Síria sob a supervisão da ONU, a libertação dos presos nos protestos antigovernamentais e o envio de ajuda humanitária.


Apesar de Zebari ter advertido que 'o destino da crise síria é a internacionalização se Damasco não cumprir com o plano', ao longo da entrevista coletiva ele reiterou em várias ocasiões que o conflito já está internacionalizado desde o momento em que a ONU e o Conselho de Segurança decidiram intervir.

Além disso, Zebari disse que as resoluções que os líderes árabes aprovarão na quinta-feira não contêm uma nova iniciativa, mas são baseadas nas iniciativas já apresentadas anteriormente.

Nesse sentido, o subsecretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Ben Heli, ressaltou na mesma entrevista coletiva que todos os esforços diplomáticos partem do plano de seu organismo, que está em consonância com a proposta de Annan.

'De fato, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el Araby, está em contato permanente com Annan, eles se falam pelo menos três vezes todos os dias', disse Ben Heli.

Os projetos de resolução pedem ao regime do presidente sírio, Bashar al Assad, o fim 'imediato' de todo tipo de violência, a proteção dos civis e garantias para que os cidadãos possam se manifestar livremente.

Também solicitam às autoridades sírias a libertação imediata dos prisioneiros políticos e a retirada do Exército, além da entrada de ajuda humanitária.


A Síria não foi o único tema abordado pelos ministros nesta quarta-feira, que também analisaram uma minuta de resolução sobre o conflito palestino-israelense, o desarmamento nuclear na região e a chamada Declaração de Bagdá, que defende 'a dignidade dos cidadãos árabes e o respeito aos direitos humanos', explicou Zebari.

Esta cúpula é a primeira após a explosão da primavera árabe, que foi precisamente a causa pela ausência da reunião no ano passado.

Vários chefes de Estado e representantes dos líderes árabes chegaram nesta quarta-feira a Bagdá.

Entre eles se encontra o presidente do Sudão, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, sobre o qual pendem duas ordens de detenção internacional por crimes contra a humanidade em Darfur, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

O presidente líbio, Mustafá Abdul Khalil, e o tunisiano, Moncef Marzouki, também chegaram, além do chefe do Parlamento argelino, Abdul Qader Bin Saleh, e do líder do Conselho de Estado de Omã, Mustafa Mahfuz.

Apesar de ser o principal tema na agenda da cúpula, a Síria está ausente em Bagdá, já que sua participação na Liga Árabe foi suspensa em novembro.

As reuniões, que transcorrem no meio de um imponente desdobramento de segurança, são realizadas no Palácio da República, em plena Zona Verde da capital iraquiana, sob a vigilância de mais de mil militares e policiais, apoiados por helicópteros. 

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