"Esta é uma organização que massacra seu próprio povo com caças e helicópteros" (Charles Mostoller/Reuters)
EFE
Publicado em 7 de novembro de 2016 às 09h45.
Istambul - O ministro turco de Assuntos Europeus, Ömer Çelic, afirmou nesta segunda-feira que, comparados com a confraria do clérigo exilado Fethullah Gülen, a quem a Turquia acusa de ter instigado o fracassado golpe de Estado de julho, os nazistas "eram aprendizes".
O político respondeu assim a uma declaração feita hoje pelo ministro luxemburguês das Relações Exteriores, Jean Asselborn, de que as perseguições maciças contra supostos golpistas na Turquia se assemelhavam "aos métodos usados pelos nazistas".
"É uma falta de conhecimento histórico. É o contrário: a luta da Turquia agora se parece a feita contra os nazistas após o fim do regime nazista", garantiu Çelik em entrevista coletiva após uma reunião com os embaixadores da União Europeia (UE) em Ancara.
"Comparados com a FETÖ (siglas usadas pelo governo para a rede de seguidores de Gülen), os nazistas eram aprendizes, alunos do primário", disse o ministro, segundo recolhe o jornal "Hürriyet".
"Esta é uma organização que massacra seu próprio povo com caças e helicópteros", insistiu, em referência aos fatos de 15 de julho, embora Gülen negue vínculos com o levante.
Çelik rejeitou em seu comparecimento as críticas da UE pela prisão de nove deputados do partido HDP, terceiro do parlamento e de orientação esquerdista e pró-curda.
"É possível defender a liberdade de expressão de todos no parlamento. Mas não se pode fazer atos de terrorismo", insistiu o ministro, que lembrou que alguns membros do HDP tinham participado de funerais de membros da guerrilha curda.
"Somos contra fechar partidos", acrescentou.
Çelik destacou que o único objetivo do julgamento dos deputados é "fazer valer o Estado de direito".
Por outro lado, acusou a Comissão Europeia de estar em uma fase ineficaz, "sem visão e com dupla vara de medir", mas prometeu continuar com as negociações pelo ingresso da Turquia na UE "construindo pontes ainda mais sólidas".
"Os que querem cortar as negociações são os racistas", concluiu o ministro, em evidente alusão, entre outros, às vozes europeias a favor de interromper a negociação com a Turquia, como a do chanceler federal da Áustria, Christian Kern.