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Ministro roqueiro é candidato a vice-presidente na Argentina

Carismático ministro da Economia do país, Amado Boudou foi escolhido por Cristina Kirchner para ser seu companheiro de chapa

Amado Boudou toca guitarra em show realizado em San Rafael (AFP)

Amado Boudou toca guitarra em show realizado em San Rafael (AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2011 às 17h37.

Buenos Aires - O candidato ao cargo de vice-presidente pelo peronismo governante na Argentina, Amado Boudou, suaviza sua dura função de ministro da Economia tocando guitarra como uma estrela do rock na campanha eleitoral, sem se alterar com eventuais sustos provocados pela crise global.

Considerado charmoso e jovial pouco antes de completar 48 anos, Boudou - 'Aimé' para os íntimos e 'Amado' para seus mais novos companheiros de política -, anima o público jovem ao trocar o terno preto por jeans, tênis esportivos, camiseta sem manga e jaqueta.

Com esse look despojado e às vezes a bordo de sua moto Harley Davidson, Boudou percorreu grande parte do país em seu papel de candidato, misturando viagens eleitorais com suas obrigações de ministro.

"Além da lealdade, valorizo o fato de que Boudou não tem medo, porque eu preciso de alguém ao meu lado que não tenha medo das corporações", disse a presidente Cristina Fernández de Kirchner em 25 de junho ao escolhê-lo como companheiro de chapa para as eleições de 23 de outubro.

Naquele dia, o ministro, que pouco antes teve de desistir de sua pré-candidatura ao governo portenho para as eleições de julho passado, lacrimejou.

"Boudou é emotivo, muito espontâneo, um cara simples", disse à AFP um aliado que não quis se identificar.

Nascido em Buenos Aires em uma família de classe média baixa, tinha 5 anos quando seus pais se mudaram para a cidade balneária de Mar del Plata (400 km ao sul), em cuja universidade pública formou-se economista em 1986.

Ali começou sua vida profissional em várias empresas privadas de limpeza urbana e, no fim dos anos 1990, voltou a Buenos Aires, quando trabalhou na Administração de Segurança Social (Anses).

Fanático como muitos de sua geração pelo chamado 'rock nacional', nos anos 1980, Boudou organizou shows na praia e era DJ.

Desde aquela época acumulou uma coleção de 12 guitarras elétricas, que durante a campanha empunhou em dezenas de palcos com a banda de seu amigo Miguel Quieto, além de se apresentar diante de milhares de jovens em uma homenagem a Pappo, um famoso guitarrista argentino morto em 2005.


"Ele realmente gosta de música, não é um personagem criado", disse à AFP Claudio Heredia, outro apaixonado pelo rock, funcionário da Secretaria Legal e Técnica da presidência.

Mas o passado de Boudou, com sua militância em um grupo universitário de direita, continua gerando ressentimentos nos grupos governistas.

"Para muitos peronistas, Boudou é um estrangeiro. Mas como bom convertido, ele é o mais 'cristinista' de todos", advertiu, sob anonimato, um kirchnerista que passa diariamente pelos corredores da Casa Rosada.

O "grande acerto" de Boudou, dizem, foi idealizar em 2008 a estatização dos fundos de pensão privados, plano que conquistou o ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007).

Outra demonstração de lealdade foi assumir o Ministério da Economia em julho de 2009, no pior momento do governo de Cristina por conta do conflito com o setor agrário.

O ministro encerrou o processo de reestruturação da dívida pública, da qual resta pendente a dívida com o Clube de Paris, e defendeu o uso das reservas do banco central para pagar a dívida, enfrentando o então presidente da entidade, Martín Redrado.

"Boudou me faz lembrar o filme 'O Espelho tem Duas Faces'. Os que o conhecem sabem que é uma pessoa falsa", disse na campanha Redrado, demitido do banco central argentino em 2010 e agora candidato a deputado pelo peronismo dissidente.

O ministro da Economia que faz em público gestos românticos a sua namorada, a jornalista Agustina Kämpfer, 20 anos mais nova, com quem vive em um apartamento do exclusivo bairro de Puerto Madero, deu à fórmula presidencial "uma dose necessária de proximidade com as pessoas", dizem na Casa Rosada.

Mas seu bom trato se ofusca quando enfrenta jornalistas críticos, os quais qualificou de "profetas do ódio e do fracasso", o que lhe valeu o repúdio da associação de empresas jornalísticas e de porta-vozes da oposição.

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