Darmanin afirmou desconhecer os motivos da acusação e acrescentou que não tem que ser reprovado por nada (Charles Platiau/Reuters)
EFE
Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 08h23.
Paris - O ministro da Fazenda da França, Gerald Darmanin, defendeu sua inocência em relação à acusação de "abuso de situação de debilidade" contra uma mulher, que qualificou de "calúnia", da mesma forma que a acusação de estupro da qual foi alvo há um mês.
Em uma declaração enviada ao jornal regional "La Voix du Nord", Darmanin afirmou desconhecer os motivos da acusação e acrescentou que não tem que ser reprovado por nada.
Fontes judiciais anunciaram ontem a abertura de uma investigação judicial por "abuso de situação de debilidade", depois que uma moradora de Tourcoing, cidade do norte do país da qual Darmanin era prefeito antes de entrar no governo, assegurou que o político lhe fez propostas sexuais.
Segundo a revista "Le Point", a mulher procurou o prefeito entre 2015 e 2016 para pedir uma moradia social e foi nesse momento que o agora ministro se aproveitou da situação.
Darmanin indicou que "centenas de pessoas pedem uma moradia" a cada ano em Tourcoing e que ele nunca fez parte da comissão de atribuição das mesmas.
"Estou tranquilo, concentrado no meu trabalho de ministro e com confiança na Justiça", declarou o responsável pela Fazenda francesa.
Essa é a segunda denúncia que uma mulher apresenta contra o ministro, um dos membros do Executivo de Emmanuel Macron que procede das fileiras do partido conservador Os Republicanos, junto ao ministro de Economia, Bruno Le Maire.
A promotoria francesa investiga também um suposto delito de estupro denunciado por uma militante desse partido por fatos ocorridos supostamente em 2009.
A denunciante, uma ex-prostituta de luxo, sustenta que o agora ministro a violentou após ter aceitado interceder em seu favor perante o Ministério de Justiça para apagar seus antecedentes criminais.
Darmanin, que foi interrogado por esse caso na segunda-feira passada, apresentou uma denúncia por calúnias contra a denunciante.
Além de Darmanin, o ministro de Ecologia, Nicolas Hulot, também ocupou as páginas policiais nos últimos dias, depois que foi revelado que uma neta do ex-presidente François Mitterrand lhe denunciou em 2008 por um estupro supostamente cometido em 1997.
A denúncia foi arquivada porque o delito tinha prescrito e, segundo Hulot, porque as investigações não determinaram que tenha cometido delito.
Ambos ministros receberam o respaldo do governo, que pede respeito à presunção de inocência e que não exige a saída de nenhum dos seus membros enquanto não sejam indiciados.
O porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, reiterou hoje essa doutrina em declarações à "Sud Rádio" e assegurou que, ainda que seja preciso respeitar a palavra das vítimas, "uma acusação não equivale a uma imputação judicial".