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Ministro da Defesa de Maduro diz que foi procurado pelos EUA

Estados Unidos teria enviado documento com garantias para militares e asilo para Maduro

Protestos contra o governo de Nicolás Maduro deixaram pelo menos 5 mortos desde a terça-feira, 30 (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Protestos contra o governo de Nicolás Maduro deixaram pelo menos 5 mortos desde a terça-feira, 30 (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 3 de maio de 2019 às 20h33.

Última atualização em 3 de maio de 2019 às 20h38.

Caracas — O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, confirmou ontem que recebeu uma oferta dos Estados Unidos para romper com o presidente Nicolás Maduro. Padrino foi apontado pelo assessor de Segurança Nacional John Bolton como um dos oficiais chavistas que teriam se comprometido com o líder opositor Juan Guaidó para derrubar o líder chavista.

Na versão de Padrino, Washington lhe ofereceu dinheiro, o que ele teria negado. "Quiseram me comprar como se eu fosse um mercenário", disse. "Dá muita indignação que me tentem comprar com uma oferta da boca para fora."

Na quinta-feira, o líder opositor Leopoldo López, que fugiu da prisão domiciliar no dia 30 com o auxílio de dissidentes do serviço secreto, disse que "há semanas" negociava o apoio da cúpula militar à oposição.

Desde terça-feira, a oposição venezuelana tenta retirar Maduro do poder. As manifestações já deixaram ao menos cinco mortos.

Ao cobrar os chavistas que, segundo os EUA, desistiram na última hora de romper com Maduro, Bolton nomeou publicamente Padrino, o general Iván Hernández, chefe de contra-inteligência, e o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Maikel Moreno, como dispostos a respaldar Guaidó.

De acordo com o enviado especial dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliot Abrams, chegou a ser negociado um documento de 15 páginas com garantias para os militares, com uma proposta de asilo para Maduro e a posse de Guaidó como interino. Padrino, Hernández e Moreno não negaram que receberam as ofertas e o ministro da Defesa foi o primeiro a falar sobre elas publicamente, reafirmando seu apoio a Maduro.

Segundo ao menos duas fontes que trabalharam na Casa Branca nas gestões de Barack Obama e Donald Trump, Padrino sempre foi visto como um ativo a ser cultivado dentro do governo chavista. Educado nos EUA, o general tem dois filhos com passaporte americano e já deu sinais de moderação contrários aos emitidos pelo resto da cúpula chavista.

Em 2016, um associado do ministro, o general Jimmy Guzmán, se reuniu em Washington com membros do governo americano a pedido de Padrino. No encontro, Guzmán disse que o general estaria disposto a estabelecer comunicações com os Estados Unidos, depois da vitória da oposição nas eleições de 2015.

O plano foi abortado por Washington depois que o homem-forte do chavismo, Diosdado Cabello, identificou dois exilados venezuelanos que intermediaram o encontro, denunciando uma suposta "tentativa de golpe".

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