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Ministro colombiano adverte Farc que pode continuar guerra

O novo ministro, que tomou posse de seu cargo ontem, assegurou que o Estado "tem plena superioridade militar" frente às Farc


	A delegação das Farc lembrou que o atual processo de paz "avançou como nenhum outro na Colômbia" e hoje se discutem "temas decisivos, complexos e ligados a aspectos fundamentais do fim do conflito"
 (Luis Robayo/AFP)

A delegação das Farc lembrou que o atual processo de paz "avançou como nenhum outro na Colômbia" e hoje se discutem "temas decisivos, complexos e ligados a aspectos fundamentais do fim do conflito" (Luis Robayo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de junho de 2015 às 15h03.

Bogotá/Havana - O novo ministro da Defesa colombiano, Luis Carlos Villegas, se apresentou nesta terça-feira perante a sociedade advertindo às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que está pronto para continuar a guerra se fracassarem as negociações entre o governo e a guerrilha em Havana.

"Estou aqui para o ofício mais difícil que tem um ministro da Defesa, tentar terminar uma guerra, e tentar terminá-la pelo futuro dos jovens. Mas, se essa paz não chegar por meio da negociação política, também estarei pronto para que este seja o período mais vitorioso da guerra para nossas forças militares", declarou Villegas em entrevista coletiva.

O novo ministro, que tomou posse de seu cargo ontem, assegurou que o Estado "tem plena superioridade militar" frente às Farc, para as quais considerou que a negociação de paz "é uma saída inexorável".

Nesse sentido, as Farc lamentaram hoje em Havana as "mortes em combate" ocorridas na Colômbia e advogaram pelo "fim da guerra para não prejudicar o processo de paz", em um novo pedido ao presidente Juan Manuel Santos para chegar a uma trégua bilateral.

"Pedimos mais uma vez ao presidente Santos abrir a possibilidade de frear a guerra, de fazer uma trégua nas hostilidades", pediram as Farc em uma declaração lida em Havana pelo chefe dos negociadores de paz da guerrilha, "Ivan Márquez", codinome de Luciano Marín Arango.

A delegação das Farc lembrou que o atual processo de paz, cujas negociações se desenvolvem desde o final de 2012 em Havana, "avançou como nenhum outro na Colômbia" e hoje se discutem "temas decisivos, complexos e ligados a aspectos fundamentais do fim do conflito".

Este processo de paz "não deveria ter como cenário de fundo o confronto armado, nem a morte triste de rapazes uniformizados de soldados, policiais ou guerrilheiros, todos eles provenientes de setores populares", comentou Márquez.

Villegas, destacado empresário que até sua nomeação era embaixador em Washington, explicou em Bogotá as linhas principais que leva ao ministério, onde sua chegada foi apresentada como uma mudança de enfoque das forças armadas para adaptá-las à paz, toda vez que exerceu como negociador nos diálogos de Cuba.

Ao lembrar esta experiência, o ministro ressaltou que conhece "bem e em detalhes" tanto as Farc como o Exército de Libertação Nacional (ELN), guerrilhas às quais enviou uma mensagem.

"As Farc e o ELN encontrarão em mim o maior aliado se tomarem a decisão de fazer política sem armas e reintegrar-se na sociedade civil. Eu os conheço bem e eles a mim. Sabem que terão o mais duro interlocutor na guerra, mas o mais sincero e transparente aliado na paz. A decisão não é minha, é deles", ressaltou.

Além disso, alertou que os recentes ataques guerrilheiros à infraestrutura elétrica e petrolífera da Colômbia diminuem o apoio da sociedade aos diálogos de paz, algo que, segundo sua opinião, os negociadores do grupo armado "não entenderam".

Além da guerrilha, Villegas também destacou como objetivo prioritário de sua pasta o combate ao crime organizado, que unificará em um só bloco ao invés de lutar separadamente contra aspectos como a mineração ilegal e o tráfico humano.

Por último, Villegas enviou uma clara mensagem à tropa, especialmente aos oficiais, aos quais para pediu para concentrar-se em seu trabalho militar e não exercer ou deixar-se influenciar pela política.

"Cheguei aqui para fazer política e espero que as forças militares e seus oficiais não façam política assim como eu não farei as operações", concluiu. 

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