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Quatro ministros renunciam, após Executivo aprovar projeto sobre Brexit

A renúncia da ministra de Trabalho, Esther McVey, se soma à do ministro britânico Dominic Raab, e à da secretária de Estado do "Brexit", Suella Braverman

Esther McVey: acordo preliminar do Brexit "não honra os resultados do referendo", disse a ministra do Trabalho ao renunciar ao cargo (Henry Nicholls/Reuters)

Esther McVey: acordo preliminar do Brexit "não honra os resultados do referendo", disse a ministra do Trabalho ao renunciar ao cargo (Henry Nicholls/Reuters)

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AFP

Publicado em 15 de novembro de 2018 às 10h51.

Última atualização em 15 de novembro de 2018 às 11h12.

Londres - A primeira-ministra britânica, Theresa May, sofreu um forte golpe nesta quinta-feira (15), com a renúncia de quatro de seus ministros, devido ao projeto de acordo com a União Europeia aprovado ontem pelo Executivo.

No Parlamento, May defendeu o acordo e advertiu que o voto do Parlamento pode implicar que não tenha Brexit.

"Podemos escolher sair sem acordo, podemos escolher que não haverá Brexit, ou podemos escolher nos unir e apoiar o melhor acordo possível", afirmou ela na Câmara dos Comuns, onde opositores e defensores do Brexit criticaram o texto aprovado na véspera pelo governo e que provocou a saída de seus ministros.

Após cinco horas de um frenético conselho de ministros, May havia anunciado nesta quarta à noite "a decisão coletiva" de seu gabinete de apoiar os termos do acordo alcançado com Bruxelas.

Os ferrenhos defensores do Brexit em sua própria sigla, o Partido Conservador, condenam a premiê por ter feito concessões inaceitáveis a Bruxelas.

"Sei que dias difíceis nos esperam", afirmou May, referindo-se à avalanche de críticas recebidas pelo texto por ambos os lados.

"Esta é uma decisão que será intensamente analisada", reconheceu May, mas "acredito firmemente que é o melhor acordo que se podia negociar".

Queda da libra

O primeiro a entregar o cargo foi o ministro do Brexit, Dominic Raab.

"Não consigo reconciliar os termos do acordo proposto com as promessas que fiz ao país", afirmou em sua carta de demissão publicada no Twitter.

"Entendo por que optou por seguir adiante com o acordo com a UE nos termos propostos", mas "devo renunciar".

"Você precisa de um ministro do Brexit que possa defender o acordo com convicção", acrescentou.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta quinta estar "muito contente" que um projeto de acordo tenha sido firmado.

"Estou muito contente que, após longas negociações nem sempre fáceis, uma proposta tenha podido ser formulada" entre as duas partes, declarou a chanceler em entrevista coletiva em Potsdam, destacando, porém, que o texto ainda deve ser aprovado pelos deputados britânicos e pelos demais 27 países-membros da UE.

A libra esterlina caiu bruscamente após o anúncio de Raab e perdeu cerca de 1% frente ao dólar.

Às 9h15 GMT (7h15 em Brasília), uma libra era negociada a 1,2858 dólar contra 1,2992 dólar na quarta à noite. A divisa britânica volta, assim, a seu nível de terça-feira, antes do anúncio feito pelo governo sobre o acordo.

Renúncia de mais três ministros

A secretária de Estado britânica do Brexit, Suella Braverman, foi a última a apresentar sua renúncia, seguindo os passos de outros três ministros.

"Chegou a um ponto, no qual sinto que essas concessões [feitas a Bruxelas] não respeitam a vontade do povo", escreveu Braverman, ao publicar sua carta de demissão no Twitter.

A ministra do Trabalho e de Pensões, Esther McVey, também entregou o cargo por discordar do projeto de acordo.

"O acordo que você pôs você ontem diante do gabinete não honra o resultado do referendo" de 2016, no qual 52% dos britânicos votaram para sair da UE, tuitou McVey, que também publicou a carta de demissão nessa rede social.

Também deixou o governo o secretário de Estado britânico para a Irlanda do Norte, o conservador Shailesh Vara.

"Não posso apoiar o acordo de retirada firmado com a União Europeia", alegou Vara, também em carta de renúncia postada no Twitter.

Vara considera que o texto de 585 páginas acordado com Bruxelas não responde à vontade manifestada no referendo de junho de 2016 e deixa o Reino Unido "no meio do caminho, sem data-limite para determinar quando seremos ao fim um país soberano".

"Este acordo não permite ao Reino Unido ser um país soberano, independente", lamentou.

O maior obstáculo nas negociações entre Londres e Bruxelas foi como evitar a reimplantação de uma fronteira com vigilância policial entre a República da Irlanda - membro da UE - e a província britânica da Irlanda do Norte.

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