Militares proíbem protestos e impõem toque de recolher em Mianmar (STR/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de fevereiro de 2021 às 07h50.
A junta militar de Mianmar proibiu nesta segunda, 8, manifestações contra o governo e impôs um toque de recolher na duas maiores cidades do país, Yangon e Mandalai. Os militares tentam conter os protestos contra o golpe de Estado e a prisão da líder Aung San Suu Kyi. Os generais não aceitaram a derrota na eleição de novembro, que deu ampla margem de votos aos civis.
As medidas restritivas vieram depois de um grande protesto na capital, Naipidau, cidade construída pelos militares para ser a sede do governo e habitada quase toda por funcionários públicos e seus parentes - o que mostraria o nível de insatisfação da população. O ato foi reprimido com canhões de água e os agentes de segurança ameaçaram atirar contra a multidão. Outras cidades do país também registraram manifestações.
Conforme as ordens dos militares, estão vetadas reuniões com mais de cinco pessoas e carreatas. Em Yangon e Mandalai, o toque de recolher passou a vigorar ontem e vale das 20 horas às 4 horas, onde são registradas as maiores manifestações contra o golpe de Estado.
Ontem, manifestantes se reuniram em um cruzamento no centro da cidade levantando saudações com três dedos - um símbolo de resistência - e carregando cartazes escritos dizendo: "Rejeite o golpe militar" e "Justiça para Mianmar".
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Houve atos em pelo menos outras cinco cidades. A crescente onda de protestos - particularmente em Naipidau, onde manifestações de rua são incomuns - chama a atenção em um país cujos governos militares costumam reprimir com violência os dissidentes.
"Não queremos a junta militar", disse Daw Moe, um manifestante em Yangon. "Nós nunca quisemos esta junta. Ninguém quer isso. Todas as pessoas estão prontas para lutar contra eles."