Em comunicado divulgado pela rádio estatal, os militares afirmaram que a ação possuía o objetivo de contornar a ameaça que militares angolanos representam para a soberania nacional (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2012 às 10h24.
Redação Central - Os militares que na noite da última quinta-feira atacaram a casa do ganhador do primeiro turno nas eleições presidenciais da Guiné-Bissau, Carlos Gómez Júnior, asseguraram nesta sexta que suas ações, apesar de terem todas as características, não fazem de parte de um golpe de Estado e pediram calma à população.
Em um comunicado divulgado pela rádio estatal, os militares afirmaram que a ação possuía o objetivo de contornar a ameaça que os militares angolanos representam para a soberania nacional. Segundo os militares, o governo angolano e as autoridades locais possuem um suposto plano secreto.
Após o ataque, os militares encontram-se em torno de várias sedes oficiais, assim como na residência do candidato presidencial Carlos Gómez Júnior atacada na noite anterior. Apesar do clima instável, fontes da cooperação internacional afirmaram à Agência Efe que a cidade já havia recuperado sua normalidade.
Enquanto o paradeiro do vencedor do primeiro turno das eleições presidenciais da Guiné-Bissau segue desconhecido, fontes próximas ao primeiro-ministro asseguraram que o mesmo se encontra vivo e em um lugar seguro.
Depois de ter sua casa atacada com lança-granadas por militares que também ocuparam a rádio e a televisão estatal, o candidato do governista Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) chegou a ser dado como morto, mas essa versão não chegou a ser confirmada.
Segundo algumas versões, o presidente interino Raimundo Pereira se encontra entre os dirigentes presos. Já o ministro da Defesa da Guiné-Bissau, Baciro Djá, encontra-se fora do país, já que tinha ido participar de uma reunião ministerial na Costa do Marfim.
O anúncio oficial angolano de acabar com a cooperação e assistência militar ao país vizinho pode ter desencadeado esses últimos incidentes, já que a antiga colônia portuguesa havia adintado que os políticos locais queriam reduzir a influência dos militares locias.
De acordo com a agência 'angola Press', o ministro das Relações Exteriores de Angola, Jorge Chicoti, já teria anunciado o fim do apoio de seu país à missão de reforma militar (MISAANG) e acrescentou que seus soldados sairiam em breve do país. No entanto, a medida não foi suficiente para convencer os militares locais.
Guiné-Bissau, país acostumado com golpes, revoltas e motins militares, possui um projeto de desmobilização de alguns dos principais comandantes do Exército, uma ideia que conta com apoio dos países aliados.
Além disso, o lucrativo negócio do tráfico que transformou o país em uma porta de entrada para as drogas que vão para Europa contribuiu para degradar a imagem do alto comando militar, que, por sinal, é acusado de estar envolvido nessa ação. EFE