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Militares juram lealdade a Maduro e denunciam golpe de Estado

Generais que comandam regiões estratégicas do país reafirmaram "subordinação absoluta" a Maduro, sua base de sustentação no poder

Venezuela:"Alerto o povo da Venezuela que está acontecendo um golpe de Estado contra a institucionalidade", disse o ministro (Manaure Quintero/Reuters)

Venezuela:"Alerto o povo da Venezuela que está acontecendo um golpe de Estado contra a institucionalidade", disse o ministro (Manaure Quintero/Reuters)

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AFP

Publicado em 24 de janeiro de 2019 às 15h37.

Última atualização em 24 de janeiro de 2019 às 15h53.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu nesta quinta-feira o apoio da cúpula militar, a base de sustentação de seu governo, em uma tentativa de contra-atacar o crescente respaldo internacional ao líder parlamentar Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino.

Oito generais que comandam regiões estratégicas do país ratificaram sua "lealdade e subordinação absoluta" a Maduro, em mensagens divulgadas pela televisão estatal.

"Leais sempre, traidores nunca", disseram alguns ao final de suas intervenções, permeadas por menções ao falecido líder socialista Hugo Chávez (1999-2013): "Chávez vive, a pátria continua".

Por sua vez, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, assegurou que a autoproclamação do líder parlamentar como presidente interino é um "golpe de Estado" em marcha.

"Alerto o povo da Venezuela que está acontecendo um golpe de Estado contra a institucionalidade, contra a democracia, contra a nossa Constituição, contra o presidente Nicolás Maduro, presidente legítimo", assegurou o ministro, rodeado pela cúpula militar.

Maduro também recebeu apoio de suas aliados internacionais Rússia, China e Cuba, que se manifestaram contra qualquer "interferência estrangeira" na Venezuela.

Por sua vez, Guaidó, que segundo uma fonte da oposição "está em um local seguro", continua a receber mensagens e telefonemas de chefes de Estado da região e da União Europeia (UE).

Diante de uma grande manifestação, o opositor, engenheiro de 35 anos, se autoproclamou na quarta-feira "presidente encarregado da Venezuela", defendendo como meta "o fim da usurpação, um governo de transição e eleições livres".

Ele pediu às Forças Armadas que permaneçam "ao lado da Constituição" e voltou a estender a mão aos que não reconhecerem Maduro, reiterando a oferta de uma lei de anistia.

O primeiro líder internacional a reconhecer sua autoridade foi o presidente americano, Donald Trump, seguido por uma dezena de países da América Latina e Canadá. Já a UE pediu "eleições livres" e a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, defendeu nesta quinta uma "solução política pacífica".

A Organização dos Estados Americanos (OEA), cujo secretário-geral, Luis Almagro, também abençoou Guaidó, vai debater a situação ainda nesta quinta.

O agravamento da crise acontece em meio ao pior momento econômico da história moderna do país, com falta de alimentos e remédios, além de uma hiperinflação, que segundo o FMI deve atingir 10.000.000% em 2019.

Distúrbios durante protestos contra Maduro deixaram pelo menos 16 mortos desde terça-feira, de acordo com organismos de Direitos Humanos.

Cerca de 50 países consideram "ilegítimo" o segundo mandato de Maduro, iniciado em 10 de janeiro, por considerar a eleição que o reconduziu ao poder como fraudulenta.

Para o centro de análise Eurasia Group, o reconhecimento do alto comando militar é um requisito para que Guaidó consiga liderar uma transição. Sem este apoio, "a queda de Maduro não parece iminente".

Maduro deve comparecer nesta quinta-feira a uma sessão no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), de linha chavista e considerado outro pilar de seu governo.

Pouco antes da autoproclamação de Guaidó, o TSJ ordenou à Procuradoria uma investigação penal dos integrantes do Parlamento - de maioria opositora -, ao acusá-los de usurpar as funções de Maduro.

"Pode acontecer desde uma reação a seu favor por parte de fatores que sustentam Maduro até uma reação violenta contra ele (Guaidó) ou o Parlamento. Maduro pode ignorá-lo para deixar que caia por seu próprio peso", afirmou à AFP o cientista político Luis Salamanca.

Mais do que diplomacia

Em resposta ao apoio de Washington a Guaidó, Maduro anunciou, em uma grande manifestação pró-governo, a ruptura das relações com os Estados Unidos, e deu aos seus diplomatas 72 horas para deixar o país.

No entanto, os Estados Unidos asseguraram que Maduro não tem autoridade para romper relações ou expulsar diplomatas e anunciou que tomará "medidas apropriadas" se a segurança de sua missão e de seu pessoal estiver "ameaçada".

Em um comunicado a todas as embaixadas, Guaidó, a quem Maduro considera uma "marionete" de Trump, pediu-lhes para "manter sua presença diplomática".

"Mas o que realmente afeta ou põe em questão a capacidade de governar do regime de Maduro são medidas econômicas ou financeiras", indicou à AFP o internacionalista Mariano de Alba.

Os Estados Unidos compram da Venezuela um terço de sua produção de 1,4 milhão de barris de petróleo por dia.

Segundo Maduro, seus inimigos querem se apropriar das maiores reservas de ouro negro do planeta, que a nação sul-americana possui.

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