Mundo

Militantes gays esperam lei que criminaliza homofobia

Dados reunidos pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) mostram que os assassinatos de homossexuais, travestis e lésbicas aumentaram 31 3% em 2010

Brasil é o destino número um deste segmento na América Latina, revela relatório (AFP)

Brasil é o destino número um deste segmento na América Latina, revela relatório (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2011 às 23h38.

São Paulo - O julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que estendeu aos casais homossexuais os mesmos direitos e deveres que a lei garante aos heterossexuais deve impulsionar no Congresso o projeto de lei que criminaliza a homofobia. É o que esperam militantes gays, que preparam manifestações em todo o País a partir da próxima semana, em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Homofobia (17 de maio).

"É um projeto básico em relação ao reconhecimento da união estável de homossexuais, suscita menos reações", afirmou a senadora Marta Suplicy (PT-SP), relatora do projeto de lei complementar (PLC) 122/06 na Comissão de Direitos Humanos (CDH).

"Depois que o Supremo se pronunciou de forma tão contundente sobre a cidadania, tornou muito difícil a não aprovação do projeto. Não só pela constitucionalidade, que ficou muito clara nos discursos dos ministros, mas principalmente pelo lado humano. Palavras como respeito, felicidade, amor e cidadania pautaram a discussão", disse Marta.

Em outra frente, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) apresentou requerimento de urgência para que a matéria, que não tem data para ser apreciada na CDH, siga diretamente ao plenário do Senado. "Nós temos a Lei Maria da Penha, que defende as mulheres. Agora precisamos ter, urgentemente, uma lei que tipifique de forma clara o crime da homofobia", justificou.

Dados reunidos pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) mostram que os assassinatos de homossexuais, travestis e lésbicas aumentaram 31 3% em 2010, em relação ao ano anterior, com 260 casos, ante 198 em 2009. Segundo o antropólogo Luiz Mott, fundador do GGB, o Brasil é o campeão mundial de crimes homofóbicos.

Além de passar pela CDH, o projeto também será examinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se passar no Senado, terá de retornar à Câmara, onde foi aprovado em 2006. De autoria da ex-deputada Iara Bernardi (PT), a proposta tramita há dez anos no Congresso, sem consenso.


A versão mais recente é o substitutivo da ex-senadora Fátima Cleide (PT), aprovado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). O substitutivo prevê penas de reclusão de um a três anos a condutas discriminatórias a homossexuais, como impedir o acesso a bares e restaurantes, ou recusar o atendimento a essas pessoas. Pune, ainda, tentativas de impedir ou reprimir trocas de afeto, como beijos ou abraços.

O dispositivo que mais desperta polêmica é o que institui pena de reclusão de um a três anos, além de multa, aos que induzirem ou incitarem a discriminação ou preconceito contra os homossexuais. A avaliação é de que padres e pastores serão proibidos de pregarem contra o homossexualismo nas igrejas e templos religiosos.

Acompanhe tudo sobre:CongressoDireitosGaysLGBTPreconceitos

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'