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Militante cego diz que não se sente seguro na China

"Aqui não me sinto seguro. Quero ir embora", enfatizou

O militante cego deixou na quarta-feira a embaixada dos Estados Unidos onde havia se refugiado há seis dias (©AFP / Mark Ralston)

O militante cego deixou na quarta-feira a embaixada dos Estados Unidos onde havia se refugiado há seis dias (©AFP / Mark Ralston)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2012 às 15h43.

Pequim - "Não me sinto seguro, quero ir embora da China", declarou nesta quinta-feira em entrevista à AFP o militante dos direitos cívis Chen Guangcheng, no dia seguinte à obtenção de garantias por parte da China sobre sua segurança caso decida permanecer no país.

"Quero ir para o exterior. Quero que os Estados Unidos nos ajudem, a minha família e a mim. Antes já me ajudou", afirmou, em entrevista por telefone no hospital de Pequim, onde foi internado na véspera com um ferimento no pé, depois de sair da sede diplomática americana.

"Aqui não me sinto seguro. Quero ir embora", enfatizou.

O militante cego deixou na quarta-feira a embaixada dos Estados Unidos onde havia se refugiado há seis dias, após um acordo negociado entre Washington e Pequim.

Esse acordo, alcançado oportunamente na véspera da abertura do "diálogo estratégico e econômico" sino-americano, quando a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, acabava de chegar a Pequim para estas discussões de alto nível, levanta inúmeras interrogações nesta quinta-feira.

Segundo pessoas ligadas a ele, Chen Guangcheng abandonou a embaixada dos Estados Unidos por ameaças de represálias contra sua família, que teria sido levada para sua província de Shandong (leste) se o militante chinês tivesse permanecido na delegação diplomática, segundo admitiu Washington.

Horas depois de deixar a embaixada, o dissidente se contradisse e declarou ao canal CNN que desejava se exilar nos Estados Unidos, perspectiva que não havia mencionado durante sua permanência na sede diplomática. Na ocasião, disse que preferia lutar pelas liberdades sem deixar a China.

Ao sair da embaixada, conseguiu se reunir com sua família no hospital Chaoyang de Pequim depois que os Estados Unidos anunciaram que a China havia dado garantias sobre sua segurança pessoal.

Chen, no entanto, explicou sua mudança de opinião: "Não tomei decisão alguma na embaixada, eu a tomei ontem. Não acho que os Estados Unidos me protejam".

Chen acrescentou que não falou com nenhum dirigente chinês e que acredita que não o deixariam sair do hospital se não quisessem.

O governo dos Estados Unidos afirmou nesta quinta-feira estar disposto a ajudar o ativista chinês.

Uma fonte do governo americano, que pediu para não ser identificada, não quis afirmar se Washington estaria disposto a conceder asilo político porque a posição do militante não está clara.

"Ainda não temos os elementos", disse a fonte, antes de afirmar que o governo dos Estados Unidos quer saber "se a posição dele mudou e o que deseja".

Chen Guangcheng é conhecido por denunciar os abusos da política do filho único na China e das expropriações.

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