As milícias líbias que, desde domingo, combatem pelo controle do aeroporto internacional de Trípoli, acertaram um cessar-fogo, mas, nesta sexta-feira, os combates prosseguiam em uma zona próxima ao aeródromo.
A prefeitura de Trípoli anunciou, na madrugada de sexta-feira, ter conseguido um acordo de cessar-fogo entre as milícias.
O acordo, confirmado à AFP pelos dois campos rivais, consiste claramente em um cessar-fogo no entorno do aeroporto e a entrega do controle da instalação a uma força neutra.
Mojtar Lajdhar, um dos comandantes de Zenten, confirmou à AFP que a trégua foi patrocinada pelo Conselho local de Trípoli (Prefeitura), destacando que os disparos de foguetes contra o aeroporto cessaram a partir da noite de quinta-feira.
Um porta-voz das brigadas de Misrata, Ahmed Hadeia, precisou que o acordo envolve um cessar-fogo "apenas em torno do aeroporto", e não afeta outros pontos ocupados pelas milícias de Zenten, em particular no sul da capital.
Desde o domingo passado, milícias islâmicas tentam desalojar do aeroporto as brigadas da cidade de Zenten (sudoeste de Trípoli), consideradas o braço armado da corrente nacional (liberal).
Dezenas de foguetes foram lançados contra o aeroporto, sob controle das brigadas de Zenten desde 2011.
Várias instalações e mais de dez aviões líbios estacionados na pista foram danificados no confronto.
Na quinta-feira, o prédio principal do aeroporto foi atingido por dois foguetes, que provocaram "sérios danos", segundo Tarek Urwa, porta-voz do ministério dos Transportes.
Zenten e Misrata participaram ativamente da revolta de 2011 contra Muammar Kadafi. Mas após sua derrubada, passaram a ser rivais.
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1. 7 aviões high tech que atuaram na guerra da Líbia
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1/8 (Divulgação)
São Paulo — Com autorização das Nações Unidas, uma coalizão formada por 13 países vem atacando a Líbia desde o dia 19 de março. Os ataques procuraram neutralizar as defesas antiaéreas do regime do ditador Muamar Kadafi e implantar uma zona de voo proibido. Assim, espera-se evitar que a força aérea de Kadafi volte a atacar a população civil em áreas controladas pelos rebeldes. Os aviões de combate da Líbia são principalmente velhos MiG-23 russos e Mirage F1 franceses. Desatualizados e com manutenção deficiente, esses caças antigos não são páreo para as poderosas máquinas de guerra que agora patrulham a zona de voo proibido. Essas aeronaves, pertencentes a países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otam), representam o que há de mais avançado em tecnologia aeronáutica e bélica. Até o fim de março, elas já haviam realizado mais de 300 missões no espaço aéreo líbio. No dia 5 de abril, haviam destruído 30% da capacidade bélica do governo líbio. Nas próximas páginas, conheça sete aviões militares usados pela coalizão na Líbia.
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2. Dassault Rafale
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2/8 (Denny Cantrell / US Navy)
- País: França
- Velocidade: 2.390 km/h
- Armamento: 6 mísseis ar-ar e mísseis Exocet
- Custo estimado: 100 milhões de dólares
O Rafale, avião que os franceses da Dassault querem vender à força aérea brasileira, fez seu primeiro voo em 1986, mas só começou a ser produzido em série depois de 2000. Entre essas duas datas, muitos aperfeiçoamentos foram feitos. Cerca de 100 unidades foram fabricadas até agora, entre versões para operação terrestre e para porta-aviões. Ele inclui um radar poderoso, capaz de localizar múltiplos alvos aéreos, além de gerar mapas tridimensionais em tempo real para navegação e orientação em ataques ao solo. No total, os sistemas eletrônicos de radar, comunicação e defesa correspondem a um terço do custo do avião. O painel de comando inclui um mostrador head-up, à frente do piloto, duas telas convencionais, mais abaixo e um display central adicional. As telas são sensíveis ao toque e, para operá-las, o piloto usa luvas que têm as pontas dos dedos cobertas com seda. O piloto dirige a aeronave por meio de um joystick, localizado à direita do assento, e do acelerador, à esquerda. Ainda que não seja um avião do tipo "invisível", o Rafale emprega uma série de tecnologias para confundir o radar inimigo. Elas são mantidas em segredo pelos franceses. Mas sabe-se que há amplo uso de materiais compostos não metálicos na construção, além de bordas em zigue-zague que ajudam a dispersar as ondas eletromagnéticas do radar.
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3. F-15 Eagle
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3/8 (USAF)
- País: Estados Unidos
- Velocidade: 2.660 km/h
- Armamento: 6 mísseis ar-ar e 6 mísseis ar-solo
- Custo estimado: 28 a 30 milhões de dólares (em 1998)
Fabricado pela McDonnell Douglas, hoje parte da Boeing, o F-15 Eagle é considerado um dos mais bem sucedidos aviões de combate modernos. É também uma das aeronaves militares com vida útil mais longa. O avião foi projetado no final dos anos 60, voou pela primeira vez em 1972 e entrou em serviço em 1976. Depois disso, muitas versões com aperfeiçoamentos e modificações foram desenvolvidas. No total, cerca de 1.200 unidades foram fabricadas. Segundo os planos da Força Aérea americana, o F-15 ainda deve continuar em uso até 2025. Além dos Estados Unidos, esse avião é usado por Israel, Japão e Arábia Saudita. Uma variante conhecida como Strike Eagle é empregada também por Singapura e Coreia do Sul. As duas turbinas do F-15 são tão potentes que o avião é capaz de acelerar mesmo quando sobe com o nariz apontado diretamente para cima. O Eagle tem uma longa lista de sistemas eletrônicos de navegação, ataque e defesa. Alguns deles emitem ondas eletromagnéticas para confundir os radares inimigos. Para desorientar mísseis antiaéreos, o F-15 emprega, entre outras, a velha técnica de lançar ao ar fragmentos de papel alumínio que refletem as ondas do radar, desenvolvida durante a Segunda Guerra Mundial. Já mísseis orientados por raios infravermelhos são despistados por meio de dispositivos pirotécnicos.
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4. F-16 Fighting Falcon
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4/8 (Andy Dunaway / USAF)
- Países: Estados Unidos, Dinamarca e Noruega
- Velocidade: 2.170 km/h
- Armamento: 6 mísseis ar-ar e 6 mísseis ar-solo
- Custo estimado: 15 a 20 milhões de dólares, dependendo da versão (em 1998)
O F-16 Fighting Falcon é o jato de combate produzido em maior quantidade até hoje. Parte do seu sucesso deve-se à boa relação custo/benefício, já que ele custa menos que outros aviões de desempenho similar. Desde 1976, 4.450 unidades já foram entregues. Esse avião foi exportado pelos americanos para 25 países, incluindo Egito, Israel, Itália, Chile e Venezuela. O F-16 foi desenvolvido originalmente pela General Dynamics, que, em 1993, vendeu a divisão responsável por esse modelo à Lockheed Martin. Quando começou a ser fabricado, o F-16 trouxe numerosas inovações, como a cabine do tipo bolha, que oferece ampla visibilidade ao piloto e o controle por meio de um joystick lateral. Entre os aviões produzidos em série, o F-16 foi o primeiro projetado para ser ligeiramente instável durante o voo, especialmente em velocidades subsônicas. Isso torna o jato mais ágil durante os combates, mas exige correções constantes em voo regular. Para ajudar o piloto a domá-lo, o Fighting Falcon tem um sistema de controle eletrônico, do tipo fly-by-wire. No início, era um sistema analógico que, com o tempo, foi substituído por um controle digital. O computador de bordo interpreta os comandos do piloto, transmitidos por meio do joystick e dos pedais do leme, e os dados sobre a posição e a velocidade do avião. Essas informações são usados para ajustar as superfícies móveis das asas e do leme de modo a manobrar o avião da maneira desejada. Por causa desse controle computadorizado, os pilotos costumam dizer que não se pilota um F-16. Ele é que pilota o aviador. O Fighting Falcon foi usado pelos americanos no Afeganistão, no Iraque e, agora, atuou também na Líbia.
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5. F-18 Hornet
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5/8 (Jonathan Chandler / US Navy)
- País: Estados Unidos, Canadá e Espanha
- Velocidade: 2.390 km/h
- Armamento: 4 mísseis ar-ar e 6 mísseis ar-solo
- Custo estimado: 94 milhões de dólares
O F-18 Hornet, que voou pela primeira vez em 1980, foi o primeiro avião de combate americano projetado para atacar igualmente bem alvos aéreos e terrestres. Com asas dobráveis, ele é usado pelos americanos como caça baseado em porta-aviões. O F-18 já teve cerca de 1.500 unidades fabricadas. Foi um dos primeiros aviões a usar telas multifuncionais no painel. Elas podem exibir diferentes informações para o piloto dependendo de o avião estar em voo regular, em combate aéreo ou numa missão de ataque a alvos no solo, por exemplo. As versões mais recentes usam mostradores do tipo head-up, que projetam as informações em frente ao rosto do piloto, numa tela transparente. Os F-18 (chamados de F/A-18 em versões mais recentes) já dispararam mísseis sobre a Líbia no passado, em 1986, além de ter participado da guerra no Iraque. Agora, estão de volta à África, na versão usada pela Espanha e pelo Canadá. Feita para decolagem terrestre apenas, essa versão difere da que é usada nos porta-aviões por ter asas fixas e trem de pouso mais simples. O Hornet é usado, também, no esquadrão de demonstração da marinha americana, os Blue Angels. Além disso, os americanos querem vender a versão F/A-18 Super Hornet para a força aérea brasileira.
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6. Eurofighter Typhoon
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6/8 (Markus Zinner / Österreichisches Bundesheer)
- País: Reino Unido
- Velocidade: 2.490 km/h
- Armamento: 6 mísseis ar-ar e 6 mísseis ar-solo
- Custo estimado: 128 milhões de dólares
Desenvolvido por um consórcio europeu, o Typhoon é um dos mais avançados aviões de combate hoje disponíveis. Ele entrou em operação em 2003. Como outros aviões militares atuais, o Typhoon é ligeiramente instável. Por isso ele depende de controles computadorizados para se manter em voo. É o que se chama, às vezes, de estabilidade artificial. O sistema de controle, do tipo fly-by-wire, também impede o piloto de fazer alguma manobra que exceda os limites do avião, o que o torna bastante confiável. Um sistema de defesa integrado chamado Praetorian identifica alvos e ameaças tanto no ar como em terra. O Typhoon também tem detector de radar e vários dispositivos usados para enganar as defesas inimigas. Há, ainda, um sistema de navegação que compara a posição do avião com uma descrição do terreno abaixo. Serve tanto para evitar uma colisão com alguma montanha como para identificar alvos no solo. O painel de controle é totalmente digital, com múltiplas telas de cristal líquido que fornecem informações ao piloto. Algumas funções podem ser acionadas por comandos de voz.
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7. Tornado
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7/8 (Adrian Pingstone)
- País: Reino Unido e Itália
- Velocidade: 2.430 km/h
- Armamento: 4 mísseis anti-radar e bombas de múltiplas cargas
Os Tornado são uma família de aviões de combate desenvolvidos pelo consórcio Panavia, formado por empresas do Reino Unido, da Alemanha e da Itália. Além desses três países, foi vendido à Arábia Saudita. Quase mil unidades foram produzidas entre 1979 e 1998. São basicamente aviões de ataque terrestre com alguma capacidade de combate aéreo. O Tornado possui asas de geometria variável. É uma solução cara e complexa que procura aliar a alta velocidade obtida com asas em delta à capacidade de manobra proporcionada por asas mais retas. A possibilidade de estender as asas, deixando-as quase retas, também permite pousar e decolar em pistas mais curtas. Um radar com funções de ataque e navegação localiza alvos, faz mapeamento do solo e reconhece o terreno abaixo do avião. Algumas versões do Tornado são capazes de localizar e rastrear 20 alvos simultaneamente, a até 160 quilômetros de distância. Esse avião pode carregar uma enorme variedade de armas, incluindo bombas de múltiplas cargas, bombas específicas para a destruição de aeródromos e até bombas atômicas. Ele também transporta alguns mísseis ar-ar para defesa. Alguns Tornado britânicos partiram da Inglaterra para atacar a Líbia, num percurso de 4.800 quilômetros, ida e volta. No caminho, fizeram quatro reabastecimentos em voo – três na ida e um na volta. São as missões de ataque mais distantes desde a guerra das Malvinas, em 1982.
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8. B-2 Spirit Stealth Bomber
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8/8 (USAF)
- País: Estados Unidos
- Velocidade: 1.010 km/h
- Armamento: 18 toneladas de bombas, convencionais ou nucleares
- Custo: as estimativas vão de 1 a 2,4 bilhões de dólares
O avião mais caro do mundo, o B-2 Spirit Stealth Bomber, da Northrop Grumman, entrou em operação em 1993. Custava tanto (2,4 bilhões de dólares em valores atuais) que, 1987, o congresso americano reduziu a encomenda inicial de 132 unidades para apenas 21. Um dos B-2 acidentou-se em 2008, de modo que restam 20 em uso. Conhecido como o bombardeiro invisível, o B-2 é difícil de ser detectado quando voa, seja por meio de raios infravermelhos, sensores acústicos, receptores eletromagnéticos, radar ou mesmo por observação visual. O disfarce é obtido pela combinação de diversas tecnologias, algumas delas altamente secretas. Quase todo o avião é construído de materiais não metálicos, que refletem pouco as ondas do radar. Um revestimento especial acentua essa característica. Seu formato busca dispersar as ondas eletromagnéticas em múltiplas direções, evitando que produzam um feixe identificável. E as turbinas ficam ocultas atrás de defletores térmicos, que dificultam a detecção por sensores de raios infravermelhos. O B-2 já foi usado pelos Estados Unidos tanto no Iraque como no Afeganistão. Na Líbia lançou algumas das primeiras bombas, destruindo aeródromos usados pela força aérea de Kadafi.