Mundo

Milhões de ucranianos continuam sem luz e calefação após ataques russos

Nove meses após o início da invasão russa e a poucas semanas do começo do inverno (hemisfério norte), milhões de ucranianos passarão o dia sem energia elétrica e com frio

Ucrânia: Ucraniana caminha por rua de Kiev, que se encontra sem energia elétrica (AFP/AFP Photo)

Ucrânia: Ucraniana caminha por rua de Kiev, que se encontra sem energia elétrica (AFP/AFP Photo)

A

AFP

Publicado em 24 de novembro de 2022 às 12h39.

Grande parte da Ucrânia, incluindo sua capital, Kiev, prosseguia sem energia elétrica e sem abastecimento de água nesta quinta-feira (24), após novos ataques russos contra infraestruturas do país.

Nove meses após o início da invasão russa e a poucas semanas do começo do inverno (hemisfério norte), milhões de ucranianos passarão o dia sem energia elétrica e com frio, embora as autoridades esperem uma situação melhor até a noite.

Receba as notícias mais relevantes do Brasil e do mundo na newsletter gratuita EXAME Desperta.

As três centrais nucleares sob controle de Kiev foram reconectadas à rede e, em poucas horas, devem voltar a abastecer as residências que estão sem energia elétrica, assim como os sistemas de distribuição de água.

As usinas reconectadas são as de Kmenytsky e Rivne (oeste) e a de Pivdennoukrainsk (sul), que haviam sido desconectadas pelo sistema de proteção automática após os ataques russos que afetaram muitas instalações do sistema de energia ucraniano.

"Caso não aconteçam novos ataques, poderemos reduzir consideravelmente a falta de energia elétrica até o fim do dia", afirmou o ministro da Energia, German Galushchenko.

No conjunto do país, "a situação é difícil, mas, em algumas regiões, o fornecimento de energia elétrica aumentou", disse ele, antes de destacar que "as infraestruturas críticas em todo país" foram reconectadas.

O Exército russo negou, nesta quinta-feira, ter lançado ataques contra Kiev na véspera, afirmando que os danos na capital ucraniana foram causados por mísseis antiaéreos "ucranianos e estrangeiros".

"Nenhum ataque foi realizado em Kiev. Todos os danos na cidade relatados pelo regime de Kiev são consequência da precipitação de mísseis antiaéreos estrangeiros e ucranianos, instalados em áreas residenciais da capital ucraniana", declarou o porta-voz do Ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov.

Ele declarou, porém, que o Exército russo realizou "ataques em larga escala" no dia anterior contra "o sistema de comando militar ucraniano e contra infraestruturas energéticas ligadas a ele".

"O objetivo dos ataques foi alcançado. Todos os alvos indicados foram atingidos", prosseguiu, assegurando que estes bombardeios prejudicaram "a circulação ferroviária das reservas do Exército ucraniano, de armas estrangeiras, equipamentos militares e munições".

A Ucrânia "tem todas as oportunidades para resolver a situação, cumprir com as demandas da Rússia e, como resultado, terminar com o todo o possível sofrimento da população civil", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

Crime contra a humanidade

O Ministério da Energia ucraniano informou que os ataques deixaram sem energia elétrica "a grande maioria dos consumidores" do país, que tinha quase 40 milhões de habitantes antes da invasão russa em 24 de fevereiro deste ano.

A Força Aérea ucraniana afirmou que a Rússia disparou quase 70 mísseis de cruzeiro contra o país na quarta-feira e que 51 foram derrubados.

Dez pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas, segundo o procurador-geral ucraniano, Andriy Kostin, à mídia local.

Ele informou que as autoridades descobriram um total de nove locais de tortura usados pelos russos em Kherson, bem como "os corpos de 432 civis mortos", embora não tenha especificado como eles morreram.

Após as derrotas militares que obrigaram a Rússia a recuar no nordeste e no sul da Ucrânia, Moscou optou, a partir de meados de outubro, por ataques frequentes e em larga escala contra as instalações de energia às vésperas do inverno.

Ontem, em um discurso por videoconferência ao Conselho de Segurança da ONU, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, denunciou um "crime contra a humanidade".

"Com temperaturas abaixo de zero, milhões de pessoas sem abastecimento de energia, sem calefação e sem água, isso é, obviamente, um crime contra a humanidade", afirmou Zelensky durante a reunião de emergência que ele mesmo convocou.

Termômetros em Kiev atingem quase 0ºC

A Rússia afirma ter como alvos instalações direta, ou indiretamente, vinculadas ao Exército ucraniano e considera que apenas as autoridades de Kiev são responsáveis pelo sofrimento da população por sua resistência às tropas de Moscou.

Em Kiev, que atualmente registra temperaturas próximas a 0°C, quase 70% da população estava sem acesso à energia elétrica na manhã de quinta-feira.

O prefeito Vitali Klitschko disse que "as empresas do setor de energia estão fazendo todo possível para restabelecer a eletricidade o mais rápido possível".

O restante do país também foi afetado pelos cortes.

Em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, na fronteira com a Rússia, os "problemas no abastecimento de energia elétrica" continuam afetando a população civil, afirmou o governador Oleg Synegubov.

Na região central de Poltava acontece o mesmo. "Mas, nas próximas horas, forneceremos energia para as infraestruturas críticas e, depois, para a maioria das casas", prometeu o líder regional Dmytro Lunin.

Na região de Dnipro (sul), a "situação continua complicada", afirmou o governo local.

As obras de reparo na rede também estão em curso nas regiões de Rivne, Cherkasy (centro), Kirovograd (centro) e Zhitomir (centro-oeste).

Outra consequência direta dos ataques russos é que a Moldávia, que já registrava grandes problemas no setor de energia pela guerra na Ucrânia, também foi vítima de cortes de energia elétrica na quarta-feira.

LEIA TAMBÉM:

Acompanhe tudo sobre:EletricidadeGuerrasRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Qual visto é necessário para trabalhar nos EUA? Saiba como emitir

Talibã proíbe livros 'não islâmicos' em bibliotecas e livrarias do Afeganistão

China e Brasil fortalecem parceria estratégica e destacam compromisso com futuro compartilhado

Matt Gaetz desiste de indicação para ser secretário de Justiça de Donald Trump