Mundo

Milhares protestam na África do Sul contra a xenofobia

Uma onda de violência xenófoba começou na cidade de Durban depois que o rei do povo zulu pediu aos imigrantes africanos que retornassem a seus países de origem


	Protestos: muitos participantes carregavam bandeiras africanas e cartazes que defendiam valores humanistas e o legado de Nelson Mandela
 (Dan Kitwood/Staff)

Protestos: muitos participantes carregavam bandeiras africanas e cartazes que defendiam valores humanistas e o legado de Nelson Mandela (Dan Kitwood/Staff)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de abril de 2015 às 14h07.

Johanesburgo - Milhares de pessoas foram nesta quinta-feira às ruas em Johanesburgo para protestar contra a violência xenófoba contra imigrantes africanos que deixou sete mortos nas últimas semanas na África do Sul.

Em uma passeata convocada pelas autoridades e organizações da sociedade civil, sul-africanos e estrangeiros percorreram o centro da capital econômica do país pedindo união contra a discriminação e solidariedade entre africanos.

Muitos participantes carregavam bandeiras africanas e cartazes que defendiam valores humanistas e o legado de Nelson Mandela.

Ao contrário do que ocorreu na manifestação contra a xenofobia realizada há poucos dias em Durban, que foi atacada por alguns moradores locais, muitas pessoas que passavam pelo centro de Johanesburgo encorajaram os manifestantes e até se juntaram à passeata.

Um dos momentos mais emotivos aconteceu na região conhecida como a pequena Adis-Abeba, onde vive uma grande comunidade de etíopes. Das janelas ou terraços de suas casas, imigrantes etíopes e descendentes agitaram bandeiras em apoio à manifestação e eram apoiados pelos participantes.

"Estou muito feliz por esta reação dos sul-africanos. Só queremos trabalhar e viver com dignidade, queremos viver em paz neste país", disse à Agência Efe o etíope Getchew Aboul, que se manifestou envolto em uma bandeira de seu país.

"Somos todos irmãos africanos. Esta violência não faz sentido", afirmou, por sua vez, Cynthia Goba, integrante da ONG de saúde pública Treatment Action Campaign (TAC).

Uma nova onda de violência xenófoba começou na cidade de Durban em março depois que o rei do povo zulu pediu em discurso aos imigrantes africanos que retornassem a seus países de origem. Os saques a lojas e agressões a estrangeiros se estenderam depois a Johanesburgo.

A situação voltou à normalidade depois da intervenção da polícia, que, com apoio do exército, realizou operações em alguns dos focos desta violência.

Enquanto isso, centenas de pessoas que foram forçadas a deixar suas casas por causa da violência continuam vivendo em refúgios improvisados pelas autoridades e as ONGs à espera de voltarem a suas casas ou serem repatriados a seus países de origem.

Conflitos xenófobos são um fenômeno recorrente em áreas pobres de população negra da África do Sul, onde estrangeiros são acusados de tirar postos de trabalho de ciadadãos do país e de agravar assim o problema do desemprego nestas comunidades.

Segundo estimativas do Centro Africano para a Migração e a Sociedade, cerca de 350 imigrantes foram assassinados desde 2008 na África do Sul. 

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaÁfrica do SulImigraçãoPolítica no BrasilProtestosReligiãoViolência urbana

Mais de Mundo

Trump nomeia Keith Kellogg como encarregado de acabar com guerra na Ucrânia

México adverte para perda de 400 mil empregos nos EUA devido às tarifas de Trump

Israel vai recorrer de ordens de prisão do TPI contra Netanyahu por crimes de guerra em Gaza

SAIC e Volkswagen renovam parceria com plano de eletrificação