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Milhares manifestam em Barcelona contra Catalunha independente

A manifestação contou com a participação de 350.000 pessoas segundo a polícia local e 950.000 de acordo com os organizadores

Manifestantes em Barcelona protestam contra a independência da Catalunha (Jeff J Mitchell/Getty Images)

Manifestantes em Barcelona protestam contra a independência da Catalunha (Jeff J Mitchell/Getty Images)

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AFP

Publicado em 8 de outubro de 2017 às 12h37.

Milhares de espanhóis da Catalunha e de outras partes do país invadiram, neste domingo (8), as ruas de Barcelona para manifestar sua oposição à independência da região, uma semana após o referendo de autodeterminação que desencadeou uma crise política sem precedentes em 40 anos.

A manifestação, que contou com a participação de 350.000 pessoas segundo a polícia local, e 950.000 de acordo com os organizadores, foi encerrada com um discurso de Mario Vargas Llosa, Nobel de Literatura que viveu alguns anos em Barcelona.

"A paixão pode ser destrutiva e feroz quando motivada pelo fanatismo e o racismo. A pior de todas, a que mais tem causado estragos na História, é a paixão nacionalista", declarou Vargas Llosa, no palco instalado em frente à Estación de Francia.

Os manifestantes respondem ao chamado de um coletivo anti-independência, cujo slogan é "Chega! Recobremos a sabedoria", e se vê como a "maioria silenciosa" que não teve voz desde que as autoridades separatistas organizaram a votação.

Os separatistas ameaçam declarar a independência de forma unilateral nos próximos dias, alegando ter recebido o apoio de 90,18% dos eleitores no referendo.

"Nós não queremos a independência. Mantivemos silêncio por muito tempo", disse à AFP Alejandro Marcos, um trabalhador da construção civil de 44 anos de Badalona, ​ subúrbio de Barcelona.

De acordo com pesquisas, apesar de a maioria dos catalães defender a realização de um referendo formal, pouco mais da metade se opõe à independência de sua região.

Por enquanto, o impasse é total entre o chefe do governo conservador espanhol, Mariano Rajoy, e as autoridades separatistas.

O líder catalão Carles Puigdemont pede uma "mediação internacional", mas Mariano Rajoy se nega a dialogar até que os separatistas abandonem a ameaça de ruptura.

"O que eu quero é que a ameaça de declaração de independência seja retirada o mais rápido possível", porque "nada pode ser construído se a ameaça à unidade nacional não desaparecer", disse ele neste domingo ao jornal El Pais.

No sábado, em Madri, duas manifestações reuniram dezenas de milhares de espanhóis - uma pela "unidade" da Espanha e outra pelo "diálogo".

A concentração em Barcelona recebu apoio pelo Partido Conservador de Mariano Rajoy, pelo Partido Socialista catalão e pelo Ciudadanos, a principal força de oposição ao movimento de independência na Catalunha.

"Uma declaração unilateral (de independência) faria o país em pedaços", explicou ao jornal ABC Mariano Gomà, presidente da Societat Civil Catalana, uma organização anti-independência que organizou o evento.

"Não descarto nada"

Mariano Rajoy, por sua vez, ameaçou suspender a autonomia da região, uma medida nunca aplicada nesta monarquia parlamentar extremamente descentralizada, o que poderia provocar distúrbios na Catalunha.

"Não descarto nada", declarou ao jornal a respeito da aplicação do artigo 155 da Constituição que permite essa suspensão.

Ele lançou um apelo aos nacionalistas catalães mais moderados para que se afastem dos "radicais" da CUP (Candidatura da Unidade Popular, extrema esquerda) com os quais se aliaram para ter uma maioria no Parlamento catalão.

A chamada coincide com a partida de várias grandes empresas catalãs, o que também pode semear dúvidas entre alguns nacionalistas conservadores.

Cerca de 15 empresas, incluindo o CaixaBank e o Banco de Sabadell, decidiram desde quinta-feira transferir suas matrizes para fora da Catalunha, que representa 19% do PIB espanhol.

Empresas com sede na Catalunha "estão muito preocupadas, terrivelmente preocupadas. Nunca pensei que chegaríamos a este ponto", declarou ao jornal conservador ABC Juan Rosell, presidente da CEOE, organização dos principais empregadores espanhóis.

A independência tem conquistado terreno na Catalunha desde 2010, alimentada pela crise econômica e pelo cancelamento parcial de um status de autonomia que dava à região maiores poderes.

Mas, neste momento atual, ganhou uma intensidade sem precedentes, uma vez que os líderes separatistas da Catalunha organizaram esta consulta, que foi proibida pela Justiça, marcada pela violência policial, cujas imagens rodaram o mundo.

De acordo com o Executivo catalão, 2,04 milhões de pessoas votaram "sim" à independência em 1 de outubro, com participação de 43%, em resultados não verificável, na ausência de uma comissão eleitoral neutra.

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