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Milhares de tunisianos exigem a renúncia do governo

Manifestação contou com a participação de policiais; ditador da Tunísia deixou o cargo no dia 15, mas seus aliados permanecem no poder

Manifestantes protestam nas ruas de Sidi Bouzid, na Tunísia (Fred Dufour/AFP)

Manifestantes protestam nas ruas de Sidi Bouzid, na Tunísia (Fred Dufour/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2011 às 19h52.

Túnis - Milhares de pessoas, incluindo policiais, exigiram neste sábado no centro de Túnis a renúncia do governo, que é dominado pelos líderes do regime do presidente destituído do Zine El Abidine Ben Ali, apesar das promessas de "ruptura" da equipe de transição.

Na capital da Tunísia, milhares de manifestantes protestaram em passeatas dispersas pelo centro da cidade, na avenida Habib Burguiba, diante da sede do governo e da União Geral de Trabalhadores Tunecinos (UGTT), a grande central sindical do país.

Muitos policiais uniformizados ou à paisana, até mesmo oficiais em moto, estavam em meio às manifestações. Alguns afirmaram ser "tão tunisianos quanto os outros" e exigiram a criação de um sindicato policial.

No segundo dos três dias do luto nacional decretado em memória das vítimas da revolução do jasmim - que deixou pelo menos 100 mortos segundo a ONU, vitimados em sua maioria pelos tiros das forças de segurança -, os policiais defenderam a criação de um sindicato para defender seus direitos.

Policiais que protestavam diante da sede de governo bloquearam o acesso ao automóvel do presidente interino do país, Fued Mebazaa, antes de serem afastados sem violência por colegas em serviço.

Em Sidi Buzid, na região centro-oeste do país, cidade que foi o berço da revolta popular depois que um vendedor ambulante de frutas cometeu imolação com fogo, policiais também saíram às ruas e afirmaram que eram "vítimas" do antigo regime.

"Nós também somos vítimas dos Trabelsi", gritaram os policiais, em referência à odiada família de Leila Trabelsi, a esposa do presidente deposto, que dominava o país.

Desde que Ben Ali se refugiou na Arábia Saudita, depois de um mês de revolta popular, a população expressa abertamente o ódio pela polícia, que tem mais de 100.000 homens e era o principal instrumento de repressão do antigo regime.

O primeiro-ministro Mohamed Ghanouchi tentou acalmar a revolta das ruas, já que a população teme que a revolta seja desvirtuada por um governo dominado pelos ministros do gabinete de Ben Ali, e prometeu na sexta-feira que deixará a vida política.

"Todas as leis antidemocráticas serão abolidas durante a transição", afirmou ainda, a respeito das leis eleitorais, antiterroristas e o código de imprensa.

Ghanouchi se comprometeu ainda a preservar o estatuto da mulher, que proíbe a poligamia. Também afirmou que vai manter a gratuidade da educação e o acesso à assistência médica.

"Há uma vontade de sair da crise, mas sempre com a mesma incompreensão da magnitude do repúdio manifestado pela população a todos os símbolos do antigo regime", declarou neste sábado o líder opositor Mustafah Ben Jaafar, dirigente do Fórum Democrático para o Trabalho e as Liberdades.

Na Suíça, um avião de propriedade de parentes de Ben Ali foi bloqueado no aeroporto de Genebra, depois que as autoridades suíças decidiram congelar os depósitos do ex-presidente e de seus familiares.

O governo de transição anunciou que as aulas nas escolas e universidades, suspensas em 10 de janeiro, serão retomadas na próxima semana.

Como uma tentativa de demonstrar a democratização, o governo suprimiu a polícia política das universidades, tradicionais focos de agitação.

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