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Refugiados tentam passar o Ramadã nos centros da Grécia

Refugiados enfrentam dificuldades para celebrar data religiosa para os muçulmanos na Grécia

Refugiados muçulmanos rezam durante o Ramadã na Grécia: centros de abrigo não se adaptaram aos horários rituais de refeições (Reuters/Alkis Konstantinidis)

Refugiados muçulmanos rezam durante o Ramadã na Grécia: centros de abrigo não se adaptaram aos horários rituais de refeições (Reuters/Alkis Konstantinidis)

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Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2016 às 14h05.

Atenas - O Ramadã é normalmente celebrado em casa ou nas mesquitas, ao lado da família e amigos, com jejum durante o dia e compartilhando abundantes refeições à noite, junto com a reflexão sobre a condição espiritual da pessoa.

No entanto, neste ano quase 57 mil refugiados terão que passar o mês sagrado para os muçulmanos nos centros de amparo construídos pelas autoridades em todo o território da Grécia.

As queixas sobre a qualidade de vida nesses locais estão se multiplicando nos últimos dias. Em Malakasa, no norte de Atenas, as 1.300 pessoas que lá vivem organizaram um protesto contra as condições e o tratamento que estão recebendo.

A ONG Prakis disse à Agência Efe que as várias organizações que trabalham voluntariamente nos centros entraram em acordo para mudar os horários de distribuição das refeições para se adaptar o Ramadã, após o entardecer e antes do amanhecer.

No entanto, a medida ainda não foi adotada em outros centros, apesar de o jejum ter começado na última segunda-feira.

Os pratos entregues aos refugiados seguem os mesmos - quase sempre macarrão -, diferentes dos pratos tradicionais que eles estão acostumados a preparar durante a cerimônia tradicional do islã.

"Jejuar nos campos é muito difícil. Até agora não nos deram nada bom para comer, o mesmo de sempre, mas com algumas mudanças nos horários", criticou Marya, que vive no centro de Eleonas, em Atenas, há dois meses ao lado de sua família.

Apesar da situação, todos, menos as crianças, estão jejuando.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) explicou à Efe que, após debater o problema com os refugiados, mudou o tipo de comida e os horários de distribuição para atender às exigências do Ramadã.

Durante as horas de jejum, entre o amanhecer e o entardecer, o muçulmano não pode comer, beber, nem fumar, o que o obriga a transferir todas suas atividades para a noite. Isso não só afeta a rotina dos refugiados, mas das pessoas que trabalham nos centros.

"A Médicos Sem Fronteiras não pede que seus funcionários sigam o Ramadã, mas se sensibiliza sobre como o mês de jejum pode afetar seu trabalho diário. Estamos pedindo às equipes que tentem evitar comer e beber em frente às pessoas que estão jejuando", afirmou a porta-voz da organização, Sara Chare.

O Ramadã começou neste ano no último dia 6 e terminará em 6 de julho, coincidindo com os dias mais longos e quentes na Europa, incluindo o solstício de verão, no dia 21 de junho, que terá 15 horas de sol na Grécia, o que torna o jejum ainda mais difícil.

O Ministério da Educação e Assuntos Religiosos da Grécia anunciou que cederá o centro olímpico de Atenas e o estádio da Paz e da Amizade, nos arredores da capital, para as organizações de muçulmanos que desejem celebrar o fim do Ramadã no início de julho.

Além disso, o Ministério de Migração da Grécia distribuiu cartazes com informações sobre os horários do nascer e do pôr do sol durante todos os dias do mês e montou mesquitas "portáteis" em alguns dos centros de amparo para facilitar as orações.

O jejum durante o Ramadã é para os muçulmanos uma missão religiosa para facilitar a comunicação com Deus, mas também para fortalecer a fé e compreender o sofrimento alheio daqueles que vivem em uma situação pior, sem acesso à alimentação. 

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