Tapete vermelho é posto no Campidoglio, em Roma, para comemorar os 60 anos da União Europeia (Alessandro Bianchi/Reuters)
AFP
Publicado em 25 de março de 2017 às 12h31.
Última atualização em 25 de março de 2017 às 12h32.
Milhares de pessoas se reuniram neste sábado em vários pontos de Roma em marchas organizadas contra e a favor da União Europeia (UE), que celebra o 60º aniversário da assinatura do tratado que deu origem à entidade.
Mais de 10.000 pessoas marcharam pacificamente em direção ao Coliseu acenando bandeiras e faixas nas cores verde e vermelho com o lema "Nuestra Europa".
Os manifestantes pedem às autoridades europeias que abandonem as políticas de austeridade e anti-migratórias, que violam os ideais fundadores da União Europeia assinados no Tratado de Roma em 1957.
Sob um sol de primavera e ao som da canção antifascista "Bella Ciao", os manifestantes marcharam atrás das bandeiras dos maiores sindicatos italianos e de organizações como o Greenpeace.
"Estamos aqui para pedir uma Europa que não defenda os bancos e a burocracia, que garanta os direitos dos trabalhadores e estudantes", disse à AFP o italiano Giovanni Zannier, de 22 anos, estudante de Relações Internacionais.
"A Europa está se desintegrando, temos apenas dez anos para salvá-la", declarou na sexta-feira o ex-ministro grego das Finanças Yanis Varoufakis, um dos organizadores "da marcha para uma Europa diferente".
No Coliseu, uniram-se a outros manifestantes, os partidários de uma Europa federal.
Forte esquema de segurança
As autoridades da capital organizaram um forte esquema de segurança na Cidade Eterna, temendo atos de violência e vandalismo, além da ameaça de ataques após o ocorrido na quarta-feira em Londres e o ataque no aeroporto de Orly, ao sul de Paris.
"Sempre seremos europeus", dizia outro cartaz, criticando a decisão do Reino Unido de deixar a UE.
"Este é o 60º aniversário de um tratado que foi assinado quando eu tinha 15 anos. Nasci com a guerra e o grande movimento europeu tornou-se, portanto, o meu ideal político", confessou à AFP Catherine Chastanet, uma aposentada parisiense de 74 anos, que viajou da França para participar da marcha.
"Acreditamos que a Europa deve tornar-se um conjunto de Estados unidos", explicou por sua vez o italiano Sergio Enrico, de 77 anos, membro do Movimento Federalista Europeu (MFE), que marchava com sua esposa.
Enquanto isso, em outra praça da cidade, começou a marcha "Euro-stop", formada por muitos jovens, que marchavam em direção ao centro da cidade, literalmente blindados.
Trata-se do evento mais preocupante, uma vez que teve a aderência dos temidos "black blocks", formação anarquista que distingue-se pela violência e confrontos com a polícia.
Cerca de 5.000 agentes estão mobilizados na cidade. A polícia anunciou que encontrou esta manhã a bordo de vários veículos, máscaras, barras de ferro e mochilas cheias de pedras, entre outros objetos.
Neste contexto, todas as agências de notícias italianas declararam greve neste sábado, em protesto ao projeto do governo de convocar uma licitação pública a nível europeu para a produção de informação.
As agências pedem a manutenção das assinaturas por parte de entidades do Estado, fundamental para sua sobrevivência.
Esta paralisação afeta sobretudo a cobertura da cúpula da UE, mas também a visita do papa Francisco a Milão.