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Milhares de muçulmanos rezam na Esplanada das Mesquitas

Cerca de 40.000 fieis muçulmanos passaram pelas portas da Esplanada pela segunda sexta-feira consecutiva

Domo da Rocha: mulheres lotaram o lado de fora da mesquita de Al-Aqsa (AFP)

Domo da Rocha: mulheres lotaram o lado de fora da mesquita de Al-Aqsa (AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2014 às 20h23.

Milhares de muçulmanos de todas as idades rezaram nesta sexta-feira na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém Oriental, sob o olhar atento de centenas de policiais israelenses.

Cerca de 40.000 fieis muçulmanos passaram pelas portas da Esplanada pela segunda sexta-feira consecutiva, depois que o governo israelense suspendeu as medidas de restrição.

Os homens lotaram a mesquita Al-Aqsa e as mulheres o Domo da Rocha, indicou Amr Kasuani, um funcionário do local.

Os policiais israelenses autorizavam a passagem de homens, mulheres e crianças sem limite de idade, limitando-se a controlar alguns indivíduos aleatoriamente para verificar se tinham permissão de presença em Jerusalém.

Alguns jovens precisaram trocar seu documento de identidade por um ingresso para poder chegar à Esplanada.

Em Jerusalém Oriental, "um grupo de fiéis judeus" foi atacado na noite desta sexta-feira "quando caminhava (...) para Beit Horot", enclave judeu no Monte das Oliveiras, informou a polícia, acrescentando que um homem foi esfaqueado nas costas e outro recebeu pancadas com uma barra de ferro.

Na semana passada, após uma reunião com o secretário americano de Estado, John Kerry, o governo israelense suspendeu, pela primeira vez, a proibição de acesso aos jovens, acusados de provocar incidentes.

O objetivo era diminuir a tensão em torno do barril de pólvora religioso que a Esplanada representa.

Apesar do ataque da última terça-feira contra uma sinagoga, no qual cinco israelenses morreram, o governo permitiu nesta sexta-feira o acesso a todos os fiéis.

A Esplanada, terceiro lugar santo para os muçulmanos e o local mais sagrado para os judeus, está no centro das tensões que afetam Jerusalém e também Israel e a Cisjordânia ocupada.

O ataque na sinagoga, no qual dois palestinos mataram quatro rabinos e um policial no momento da oração, aumenta os temores de que o conflito entre israelenses e palestinos se converta em um confronto religioso ainda mais explosivo.

Os fiéis apreciavam nesta sexta-feira poder orar no lugar mais venerado pelos muçulmanos, mas não tinham ilusões e não esconderam sua raiva em relação ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, os colonos e os extremistas judeus.

Se Israel suspendeu o limite de idade "é porque lhe convém. Querem fazer acreditar que suspendem as restrições", afirmou Amir, um engenheiro da Cisjordânia.

Os confrontos recentes eram inevitáveis, afirmou Amir, que prefere não divulgar seu sobrenome.

"Desde a guerra em Gaza, havia chegado o momento de os palestinos mostrarem que vivemos sob ocupação", acrescenta Amir.

Os milhares de mortos na Faixa de Gaza, a ocupação, o prosseguimento da colonização, as detenções, o desemprego e as humilhações nutrem a raiva palestina.

A Esplanada das Mesquitas e a venerada Al-Aqsa constituem uma linha vermelha para os palestinos, que temem as reivindicações de uma minoria judaica extremista que exige o direito de orar na Esplanada.

Os palestinos denunciam as visitas cada vez mais frequentes ao local e encaram como profanações as incursões dos policiais israelenses na Esplanada e na mesquita de Al-Aqsa.

No ano 2000 a segunda Intifada palestina começou em Al-Aqsa, lembra Wasel Qasem, de 35 anos. "É nossa mesquita e um motivo evidente de uma nova Intifada", acrescenta.

"Estou inquieto. Os israelenses tentam acalmar as coisas agora. Ninguém gosta da violência, mas a situação é explosiva. Espero que não exploda", conclui Qasem.

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