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Milhares de mineiros bloqueiam La Paz em protesto contra a escassez de combustível

País enfrenta crise econômica devido à falta de dólares que prejudicou sua capacidade de importar diesel

Mineiros marcham em La Paz em protesto contra falta de combustível (AFP)

Mineiros marcham em La Paz em protesto contra falta de combustível (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 23 de abril de 2025 às 20h52.

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Milhares de mineiros bloquearam as principais avenidas do centro de La Paz nesta quarta-feira em protesto contra a escassez de combustível na Bolívia. O país enfrenta uma profunda crise econômica desde 2023 devido à falta de dólares que, entre outras coisas, prejudicou sua capacidade de importar diesel.

A manifestação ainda acontece em meio à turbulência polícia na nação andina, que celebrará eleições em agosto. A corrida eleitoral tem sido marcada pelo racha entre o atual chefe de Estado, Luis Arce, e o ex-presidente e seu antigo aliado, Evo Morales, que prometeu concorrer apesar de já ter cumprido o máximo de mandatos permitidos pela Constituição.

Os mineiros exigiram mais atenção do governo e dizem que a produção do setor — uma das principais fontes de renda econômica do país — está enfrentando sérios problemas. Honorato Condori, líder da Federação Boliviana de Cooperativas de Mineração (Fencomin), explicou à AFP que as cooperativas estão enfrentando dificuldades devido à “falta de diesel”, o combustível essencial para suas operações, bem como “a falta de material explosivo”.

Os mineiros marcharam pacificamente por La Paz, sede dos poderes executivo e legislativo da Bolívia, e bloquearam as principais vias do centro da cidade. A polícia de choque fechou as ruas que levam à Plaza de Armas, onde estão localizados os escritórios presidenciais e o Congresso.

O ministro da Mineração, Alejandro Santos Laura, pediu diálogo e garantiu que o preço do material explosivo não deve aumentar.

De janeiro a setembro de 2024, a Bolívia exportou mercadorias no valor de US$ 6,6 bilhões (R$ 37,6 bilhões), dos quais 49,8% correspondem à mineração, de acordo com dados do Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE). A Bolívia também passa por problemas com inflação alta e baixa capacidade financeira para honrar empréstimos.

Em paralelo à crise econômica, a Bolívia vive um momento político delicado. A poucos meses da eleição presidencial, marcada para 17 de agosto, Evo tem insistido que concorrerá mesmo tendo sido declarado inelegível pela Justiça por já ter cumprido os dois mandatos presidenciais permitidos pela Constituição, entre 2006 e 2019.

Em um comício no início desta semana, o líder indígena reafirmou que disputará o pleito fora de seu partido histórico, o Movimento ao Socialismo (MAS), atualmente comandado por Arce. Em fevereiro, Evo confirmou a sua desfiliação da legenda, a qual liderou por 26 anos, anunciando que lançaria sua candidatura com o partido Frente para a Vitória, uma pequena formação sem representantes no Parlamento.

O ex-presidente acusa o governo de Arce de desencadear uma "perseguição judicial" contra ele com o objetivo de proibir sua candidatura nas eleições.

Evo está, desde outubro, sob a proteção de dezenas partidários que fazem vigília para impedir sua prisão na zona cocaleira de Chapare, seu reduto político no departamento (estado) de Cochabamba. O ex-presidente boliviano é alvo de um mandado de prisão por não ter comparecido para depor no caso de um suposto abuso de uma menor, com quem teria tido uma filha em 2016, enquanto ainda estava no poder.

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