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Milhares de manifestantes tomam ruas de Minsk contra Lukashenko

Manifestantes se opõe a reeleição do presidente Alexandre Lukashenko que está no poder desde 1994

Policiais carregam manifestante na Bielorrússia: o país enfrenta crise após eleição contestada (AFP/AFP)

Policiais carregam manifestante na Bielorrússia: o país enfrenta crise após eleição contestada (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 20 de setembro de 2020 às 13h15.

Dezenas de milhares de pessoas protestavam, neste domingo (20), nas ruas de Minsk, capital de Belarus (Bielorrúsia), contra a reeleição de Alexandre Lukashenko.

Vestidos de vermelho e branco, as cores da oposição, os manifestantes marchavam pela Avenida dos Vitoriosos e se dirigiam para o Palácio da Independência, residência de Lukashenko, no norte da capital.

Desde a questionada reeleição de Lukashenko, em 9 de agosto, manifestações de magnitude histórica acontecem todos os domingos para exigir a renúncia do atual chefe de Estado, no poder há 26 anos.

"Limpeza!", "Fim do jogo!", gritavam os manifestantes, que também criticaram o presidente russo, Vladimir Putin, principal apoiador de Lukashenko nesta crise que abala o país há um mês e meio.

A polícia efetuou várias detenções no centro de Minsk, no início da tarde, de acordo com um jornalista da AFP. Também houve prisões nas cidades de Grodno, Gomel e Brest, onde outras milhares de pessoas foram às ruas.

No sábado (19), policiais do Batalhão de Choque prenderam centenas de mulheres durante uma manifestação na capital.

De acordo com a porta-voz do Ministério bielo-russo do Interior, Olga Chemodanova, 415 pessoas foram presas em Minsk, e 15, em outras cidades, por participarem de "manifestações não autorizadas".

No total, 385 foram soltas, segundo a mesma fonte, acrescentando que os participantes de outras manifestações poderão ser alvo de ações judiciais.

Vídeos que circularam ontem na Internet mostraram agentes, conduzindo algumas manifestantes à força para as vans policiais.

Escalada da violência

Como o número de prisões no sábado excedeu, consideravelmente, o de outra manifestação semelhante na semana passada, o Conselho de Coordenação da Oposição alertou para "uma nova fase, com uma escalada da violência contra manifestantes pacíficos".

Entre os presos no sábado, estava Nina Baginskaya, uma ativista de 73 anos que se tornou um dos rostos mais conhecidos do movimento. Ela foi liberada rapidamente.

Diante da repressão policial, um grupo de oposição no Telegram amplamente seguido, Nexta, publicou uma lista de mais de 1.000 pessoas se fazendo passar por funcionários da polícia bielo-russa.

E, nas ações de protesto, os ativistas também tentam tirar as máscaras, ou os capuzes, dos policiais que não usam crachá, ou outro tipo de identificação.

A oposição convocou várias marchas das mulheres para pedir a renúncia de Lukashenko. Sua rival da oposição, Svetlana Tikhanovskaya, agora refugiada na Lituânia, conquistou a vitória nas eleições.

Em mensagem divulgado no sábado, Tikhanovskaya disse que "os bielorrussos estão prontos para que caia o anonimato daqueles que obedecem a ordens criminosas".

"Tem que olhar nos olhos do nosso povo, o povo que eles deveriam defender", criticou ela, dirigindo-se às forças de segurança, conforme citado no Telegram de sua assessoria de imprensa.

Tikhanovskaya se reúne com os chanceleres da União Europeia, nesta segunda-feira (21), em Bruxelas.

Está previsto o anúncio de sanções europeias contra personalidades bielo-russas consideradas responsáveis por fraude eleitoral e pela repressão policial contra manifestantes.

Esta semana, Bruxelas pediu uma "investigação profunda" sobre as denúncias de abusos cometidos contra manifestantes nos locais onde foram detidos.

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