Moradores na rua após o terremoto que matou nove pessoas em Lorca (AFP Vasileios Filis)
Da Redação
Publicado em 13 de maio de 2011 às 15h25.
Lorca, Espanha - Milhares de pessoas, entre elas muitos imigrantes, continuam nesta sexta-feira nas ruas de Lorca, enquanto se avaliam os graves danos materiais provocados pelo terremoto que na quarta-feira sacudiu essa cidade do sudeste da Espanha e que causou nove mortos e mais de 300 feridos.
Dois dias depois da tragédia, se mantêm em Lorca os três acampamentos da Unidade Militar de Emergências (UME), reforçados pela Cruz Vermelha, nos quais se alojariam entre 2.000 e 3.000 pessoas, a maioria imigrantes, segundo fontes municipais.
Esses desabrigados, entre os quais estão vários cidadãos do Equador e da Bolívia, esperam o resultado das avaliações técnicas para saber se podem voltar para suas casas, danificados pelo tremor.
Um total de 660 edifícios, dos 1.717 danificados, já podem ser habitados, após a análise de danos efetuado por técnicos, arquitetos e engenheiros, que supervisionaram até o momento 1.374 imóveis, 80% dos afetados pelo terremoto.
O Governo da região de Múrcia, à qual pertence Lorca, afirmou que 48% das casas analisadas não tem danos estruturais, convidando seus proprietários a retornarem "com a tranquilidade que foi certificada suas condições de habitação".
No entanto, dos prédios analisados, 40% (549) apresentam danos não estruturais, mas, por enquanto, não têm condições adequadas de habitação, por isso que nestas casas só se permite entrar para recolher os móveis, utensílios e pertences.
Além disso, há 12% de casas (165) que têm danos estruturais, o que "não quer dizer que se deve demoli-las", esclareceu o conselheiro de Obras Públicas de Múrcia, José Ballesta.
O prefeito de Lorca, Francisco Jódar, ressaltou que se trabalha intensamente para "devolver a normalidade" à cidade - de 92 mil habitantes - e que "a prioridade é que todos possam voltar o mais rápido possível para suas casas".
Enquanto isso, o Governo espanhol aprovou um decreto-lei de medidas urgentes para reparar os danos, a fim de amenizar uma catástrofe que afeta famílias, comerciantes e empresários, indicou seu primeiro vice-presidente, Alfredo Pérez Rubalcaba.
Assim, serão concedidos 18 mil euros (US$ 25 mil) ao cônjuge da pessoa falecida ou pessoa com análoga relação de afetividade, aos filhos menores de idade, assim como aos filhos maiores de idade que dependam economicamente da pessoa que perdeu a vida.
A fim de arrecadar fundos para os desabrigados, a Prefeitura de Lorca abriu uma conta, e dezenas de organizações e empresas enviam comida, roupa, cobertores e tendas de campanha para cobrir as necessidades básicas dos desalojados.
Enquanto chegam esses fundos, mais de 1.730 pessoas foram mobilizadas pelo Estado em Lorca, a maioria da Unidade Militar de Emergência (UME) e do Exército, embora se destaque também a ampla presença da Cruz Vermelha e da Polícia.
Esses soldados tentam tornar a vida mais amena para os desabrigados hospedados nos acampamentos, entre os quais há cerca de 2.000 equatorianos, alguns dos quais querem a repatriação, informou à Efe a cônsul do Equador em Múrcia, Cecilia Erique.
De fato, uma mulher equatoriana virou notícia ao entrar em trabalho de parto na madrugada passada em um dos acampamentos, de onde foi transferida de urgências a um hospital, onde deu à luz a gêmeos.
Os bolivianos de Lorca também estão passando mal, pois cerca de 500 cidadãos desse país continuam na rua sem poder retornar para suas casas, informou à Efe a cônsul da Bolívia em Múrcia, María Celia Orellana.
À margem da situação dos desabrigados, o dia foi marcado pela dor e pela emoção do funeral oficial em memória das nove vítimas fatais - todas espanholas - do tremor.
O funeral foi presidido pelo príncipe Felipe de Bourbon, herdeiro da Coroa espanhola, e sua esposa, a princesa Letizia, e contou com a assistência do chefe do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, que percorreram as zonas afetadas.
O tremor, que teve uma magnitude de 5,1 na escala aberta de Richter e desencadeou logo após outro tremor menos intenso, causou o pânico na população, que saiu às ruas perante o medo de que acontecessem réplicas, causando muitos danos materiais.