Milei: presidente da Argentina queria aumentar o próprio salário em 50% (Luis Robayo/AFP)
Repórter de Negócios
Publicado em 10 de março de 2024 às 13h44.
Última atualização em 11 de março de 2024 às 07h11.
O presidente da argentina, Javier Milei, anunciou neste final de semana que revogou o decreto que aumentava o próprio salário e de ministros em 50%, após ser criticado pela imprensa e membros da oposição.
Milei anunciou a decisão na sua conta no X, antigo Twitter, depois que deputados opositores fizeram uma denúncia sobre um incremento salarial acima do concedido para o salário mínimo.
No mês passado, o governo argentino concedeu um aumento de 30% no salário mínimo, valor abaixo do esperado por empresários e sindicatos. No mesmo mês um documento assinado por Milei também previa o aumento salarial do presidente, ministros e outros cargos do governo. Segundo a oposição, entretanto, esse aumento foi de quase 50%.
Nas redes sociais o presidente da Argentina afirmou que vai revogar a medida e culpou a ex-presidente Cristina Kirchner pelo aumento.
"Acabo de ser informado que em decorrência de um decreto assinado pela ex-presidente Cristina Kirchner em 2010, que estabelecia que os dirigentes políticos deveriam ganhar sempre mais que os funcionários da administração pública, foi concedido um aumento automático aos quadros políticos deste governo", escreveu.
O Gabinete Presidencial também publicou uma nota afirmando que o aumento havia sido dado de forma automática por causa de um decreto assinado por Kirchner.
"A situação herdada é crítica, e os argentinos estão fazendo um sacrifício heroico. É tempo de os políticos pagarem o custo do que provocaram", afirmou o governo.
A ex-presidente Cristina Kirchner rebateu as acusações nas redes sociais e disse que Milei está destruindo as pensões e os salários dos argentinos.
"Quero pensar que o senhor lê o que assina, não é? No [decreto sobre aumento] de janeiro, o senhor não incluiu expressamente as autoridades, e no de fevereiro o senhor e os seus funcionários foram incluídos", escreveu.
Kirchner também afirmou que o decreto assinado por ela há 14 anos não tem nada a ver com o reajuste salarial do atual presidente.