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Milei tem chances? Veja as viradas históricas nas eleições argentinas desde 1983

Em 2003 e 2015, os então candidatos Néstor Kirchner e Mauricio Macri deram a volta por cima e foram eleitos presidentes sem serem favoritos

O cenário para o candidato da ultradireita, Javier Milei, que ficou em segundo lugar, com 29,98% dos votos, tornou-se adverso, mas a História argentina mostra que viradas são possíveis (Erica Canepa/Bloomberg/Getty Images)

O cenário para o candidato da ultradireita, Javier Milei, que ficou em segundo lugar, com 29,98% dos votos, tornou-se adverso, mas a História argentina mostra que viradas são possíveis (Erica Canepa/Bloomberg/Getty Images)

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Publicado em 23 de outubro de 2023 às 09h57.

A eleição presidencial de 2023 é a décima desde 1983, quando a Argentina recuperou sua democracia, é a terceira em que um candidato que não era favorito passou na frente de maneira surpreendente, como fez o peronista Sergio Massa, o candidato mais votado no primeiro turno de domingo, com 36,68%, depois de ter obtido apenas 21,43% (individualmente), nas primárias de agosto.

O cenário para o candidato da ultradireita, Javier Milei, que ficou em segundo lugar, com 29,98% dos votos, tornou-se adverso, mas a História argentina mostra que viradas são possíveis, embora difíceis.

Nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso), Milei ficou em primeiro lugar, com 29,86%, praticamente o mesmo resultado que conseguiu no primeiro turno. Já Massa ampliou em quase 2,5 milhões de votos sua votação.

Veja as grandes viradas da histórias das eleições argentinas

A primeira grande reviravolta eleitoral num pleito pela Presidência ocorreu em 2003, quando, depois de ficar em segundo lugar no primeiro turno, com 22% dos votos, o peronista Néstor Kirchner acabou assumindo o poder em consequência da decisão do também peronista Carlos Menem (presidente entre 1989 e 1999) de renunciar à sua candidatura. Menem obteve 24,45% e, com a certeza de que Kirchner faria alianças que lhe garantiriam uma vitória no segundo turno, desistiu da corrida. Menem tinha um alto índice de rejeição, e as lembranças sobre os escândalos de corrupção de seus dois governos ainda estavam muito presentes na sociedade.

A segunda grande virada ocorreu nas presidenciais de 2015. O candidato da aliança entre peronistas e kirchneristas Daniel Scioli, atual embaixador da Argentina no Brasil, foi o mais votado no primeiro turno, com 37,08%, contra 34,15% do então candidato Mauricio Macri. No segundo turno, com uma campanha foca no antikirchnerismo, depois de 13 anos de governos dos Kirchner (Néstor Kirchner entre 2003 e 2007 e Cristina Kirchner entre 2007 e 2015), o candidato opositor virou o jogo e derrotou Scioli, por 51,34% contra 48,6%. Como aconteceu com Menem, o kirchnerismo foi derrotado, principalmente, pelo envolvimento de seus líderes em denúncias corrupção.

Nas demais eleições presidenciais os favoritos foram os vencedores. Em 1983, na primeira eleição após uma ditadura violenta e que deixou profundos traumas na sociedade argentina, o candidato da União Cívica Radical (UCR), Raúl Alfonsín, ganhou no primeiro turno, com 51,75%, contra 40,6% do peronista Italo Luder.

Em 1989, o peronismo ressurgiu das cinzas com a candidatura de Carlos Menem, que era governador da província de La Rioja, e derrota o radical Eduardo Angeloz no primeiro turno, por 47,49% contra 32,5%, em meio a uma hiperinflação. Menem se reelegeu em 1995, ganhando no primeiro turno, com 49,94% dos votos, contra José Octavio Bordón, da Frente País Solidário (Frepaso), que obteve apenas 28,37%.

O desgaste do menemismo, sobretudo uma uma série de escândalos de corrupção, permitiu o triunfo contundente do radical Fernando de la Rúa em 1989, que aliado ao Frepaso conseguiu 48,37% dos votos, derrotado o peronista Eduardo Duhalde, que obteve apenas 38,28%

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