Javier Milei: presidente da Argentina apresentou medidas rígidas contra torcedores violentos no país (Mauro Pimentel/AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 18 de março de 2025 às 21h09.
O Ministério da Segurança Nacional da Argentina solicitou ao Ministério Público, nesta terça-feira, a prisão de 29 barras bravas (os hooligans argentinos) suspeitos de cometer atos de violência durante o protesto de aposentados em Buenos Aires, na semana passada, que contou com o apoio de diferentes torcidas organizadas portenhas.
A medida foi anunciada na véspera de novas manifestações, que prometem ser ainda maiores. Mais cedo, o governo do ultradireitista Javier Milei enviou ao Congresso um projeto de lei para combater grupos de torcedores "violentos" no futebol. Segundo a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, a proposta "tipifica os crimes das barras bravas como organizações criminosas”.
Em um vídeo publicado na rede social X, Bullrich expôs o rosto dos 29 suspeitos, afirmando que eles "atacaram o Congresso e nossas forças com paus, pedras e armas". Nas imagens, que a ministra diz provarem os atos violentos, apenas um dos alvos aparece de fato segurando uma pedra para atirar contra a polícia. Um outro surge segurando um objeto que parece uma placa de rua e um terceiro foi fotografado agarrando o braço de um agente. As demais mostram manifestantes em situações aparentemente comuns, gritando e gesticulando, alguns sequer vestindo camisas de time.
De acordo com o Ministério, no entanto, a identificação dos supostos hooligans foi feita através de "uma análise exaustiva de imagens realizada pela Divisão de Individualização Criminal da Polícia Federal Argentina, que incluiu o uso do sistema de reconhecimento facial e material de filmagem capturado por várias agências".
Além dos mandados de prisão, o governo solicitou ao MP a emissão de mandados de busca e apreensão nas casas dos suspeitos, para obter provas que determinassem "seus vínculos com organizações criminosas, como associações ilícitas e hooligans".
Os aposentados protestam há mais de 35 anos no país, mas suas manifestações nunca sofreram uma repressão violenta como ocorreu quarta-feira passada, na qual 45 pessoas foram feridas e mais de 100 detidas.
O governo afirma que os barras bravas provocaram confrontos com as forças de segurança com o objetivo de provocar “um golpe de Estado". Já os movimentos de aposentados afirmam que foi um protesto pacífico, e que os torcedores de clubes de Buenos Aires aderiram pacificamente à marcha para fortalecer o que consideram uma causa justa.
A origem dessa inédita parceria é uma entrevista dada a meios locais por um aposentado de 75 anos identificado como Carlos, em janeiro passado. Quando falou com jornalistas, Carlos vestia uma camiseta do clube Chacarita, cujo clube fica no bairro que tem o mesmo nome, na capital argentina.
A partir de seu depoimento, o movimento de torcedores em apoio aos aposentados cresceu e se expandiu a outros clubes de futebol de Buenos Aires. Muitos lembraram uma frase do craque Diego Maradona, da década de 90: “É preciso ser muito cagão para não defender os aposentados”.