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Milei negocia com Trump isenção de vistos de até 90 dias para argentinos

Secretária do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, deve se reunir com o presidente argentino Javier Milei nesta terça-feira para formalizar o acordo

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 28 de julho de 2025 às 09h44.

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A secretária do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, chega à Argentina nesta segunda-feira, 28, para avançar em um acordo que prevê a isenção de vistos de turismo e negócios para cidadãos argentinos por até 90 dias.

O memorando, que tem como objetivo agilizar o processo entre os dois países, deve ser formalizado nesta terça-feira em reunião com o presidente argentino Javier Milei, a ministra da Segurança Patricia Bullrich e outros integrantes do governo.As informações foram confirmadas ao jornal Clarín por fontes diplomáticas.

O acordo é tratado como um marco nas relações bilaterais entre Argentina e Estados Unidos e envolve negociações de alto nível.

A medida é interpretada como parte da política de Trump para intensificar o controle sobre a imigração ilegal. O endurecimento das regras, no entanto, também impacta a entrada de imigrantes regulares, que podem ter custos adicionais para entrar no país norte-americano. No sábado, fontes do Ministério da Economia argentino também informaram ao Clarín que um acordo comercial envolvendo os dois presidentes está em fase final de negociação.

Ainda não há detalhes sobre o novo programa de isenção de vistos, mas a expectativa é que ele siga os moldes do acordo firmado em 1996, entre o então presidente argentino Carlos Menem e Bill Clinton, dos EUA.

Entre as possibilidades em discussão está a realização de processos de imigração e alfândega antes mesmo do embarque ao destino. A implementação, no entanto, não será imediata e dependerá de diversas etapas ligadas a questões de segurança.

Na década de 1990, cidadãos de países asiáticos e latino-americanos usavam passaportes argentinos para se beneficiar da isenção. Atualmente, autoridades apontam situações semelhantes envolvendo russos, venezuelanos e vizinhos da região, incluindo a Bolívia, que mantém regras mais flexíveis para a entrada de iranianos.

Novos acordos

Conhecida nos EUA pelo apelido de "caçadora de imigrantes", Kristi Noem é a principal executora da política migratória do governo Trump. Apesar da rigidez adotada contra a imigração irregular, os passaportes argentinos seguem bem avaliados pelas autoridades norte-americanas. A secretária se encontrará com Milei e ministros em Buenos Aires nesta segunda-feira. Uma comitiva multipartidária da Câmara dos Representantes dos EUA também desembarcará no país nos próximos dias.

Antes de ocupar o cargo atual, Noem foi governadora da Dakota do Sul e deputada. Ela tem proximidade política com Bullrich e já se encontrou com Milei, a irmã dele, Karina, e o chanceler Gerardo Werthein durante o evento Gala dos Patriotas, em Mar-a-Lago, residência de Trump na Flórida. A reunião foi organizada pela argentina-americana Natalia Denegri. Na ocasião, Werthein demonstrou insatisfação ao acreditar que a delegação argentina não teria oportunidade de conversar com o presidente norte-americano — o grupo deixou o local pouco antes da chegada de Trump.

A visita de Noem a Mendoza, que ela teria manifestado interesse por gostar de cavalos e do vinho Malbec, foi descartada por questões de segurança. Em vez disso, ela deverá viajar com autoridades argentinas em aeronave da Gendarmaria.

Na mesma semana, a nova chefe de missão da embaixada dos EUA em Buenos Aires, Heidi Gómez, manteve reuniões com ministros do governo Milei. "Agradecemos a liderança da Argentina na segurança regional, especialmente no combate ao crime organizado, ao narcotráfico e ao tráfico de pessoas. Hoje tive o prazer de me reunir com a Ministra da Segurança, Patricia Bullrich, para discutir como os Estados Unidos e a Argentina podem aprofundar nossa cooperação nessas áreas para promover a segurança e a prosperidade da Argentina, dos Estados Unidos e de toda a região", escreveu Gómez após o encontro.

Se o acordo avançar, os argentinos terão de solicitar uma Autorização Eletrônica de Viagem para entrar nos Estados Unidos, substituindo o visto tradicional.

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