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Milei: "Mercosul é uma prisão" para os países que o integram

Em cúpula de chefes de Estado do bloco, em Montevidéu, presidente argentino fez fortes críticas ao Mercosul e pediu flexibilidade para que o bloco deixe de "limitar nossos países"

Agência o Globo
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Publicado em 6 de dezembro de 2024 às 13h31.

Última atualização em 6 de dezembro de 2024 às 13h32.

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Como era esperado, o presidente da Argentina, Javier Milei, assumiu nesta sexta-feira a presidência para o tempore do Mercosul, na cúpula de chefes de Estado em Montevidéu, com um discurso duro e profundamente crítico do bloco, ao qual se referiu como “uma prisão que não permite que os países membros possam aproveitar nem suas vantagens comparativas, nem seu potencial exportador”.

Milei disse que falaria mais como economista do que como presidente, e seu discurso enumerou cada uma das falências que o Mercosul tem, na visão do chefe de Estado argentino. Uma das ferramentas do bloco mais atacadas pelo presidente da Argentina foi a Tarifa Externa Comum (TEC), que taxa importações de fora do bloco.

"A rigidez da TEC e outras inumeráveis barreiras não tarifárias, que inventamos ao longo dos anos, tanto para o comércio dentro do Mercosul como com o mundo, estão deterioradas". disse Milei, e acrescentou:

"Nos consolidarmos num bloco comum não apenas não nos fez crescer, mas também nos prejudicou, enquanto vizinhos como Chile e Peru se abriram ao mundo".

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Milei, que está entusiasmado com a ideia de negociar um acordo bilateral com os Estados Unidos após a posse de Donald Trump, em 20 de janeiro, algo que o Mercosul proíbe pela chamada regra de negociação “quatro mais um” (ou seja, o bloco com outros blocos ou outros países, em conjunto), assegurou que o modelo atual do bloco está esgotado.

"Temos de buscar uma nova fórmula que nos beneficie a todos, para que todos possamos comercializar mais e melhor, porque o comércio é o que gera prosperidade e vai terminar com o flagelo latino-americano que é a pobreza".

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Milei pediu flexibilidade, num claro recado sobre sua intenção de negociar separadamente com os Estados Unidos de Trump. Fontes do governo argentino confirmaram ao GLOBO que a ideia, conversada com Trump durante a visita do argentino ao resort de Mar-a-Lago, na Flórida, é uma das principais metas do presidente argentino para 2025.

"Enquanto o resto do mundo se expandia, nós dissemos que não aos Estados Unidos, que oferecia um acordo de livre comércio com todo o continente [em referência à proposta de criar uma Área de Livre Comércio das Américas, a Alca, enterrada numa cúpula presidencial na Argentina, em 2005]. Mas essa besteira, fantasiada de nacionalismo, custou caríssimo para nossos povos", assegurou o presidente argentino.

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O governo Lula vem acompanhando o que algumas fontes brasileiras chamam de um “momento de ingênua ilusão” de Milei em relação a Trump. Com o presidente eleito americano ameaçando países — até mesmo México e Canadá — e blocos com aumento de tarifas, muitos no governo Lula duvidam que Trump, de fato, pretenda avançar numa negociação com a Argentina, que possa representar benefícios para Milei.

Mas o presidente argentino, asseguram fontes com acesso à Casa Rosada, está convencido. Se seu governo insistir neste caminho, a reação de Brasília será enfática: “o Brasil é um dos grandes defensores da negociação conjunta desde sempre. Esse é um dos principais do mercado comum e da união aduaneira”, explicou uma fonte diplomática.

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