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Milei fala de Churchill e Stones, mas evita Malvinas em conversa com Londres

O novo governo argentino deu mostras de que não desistirá da reivindicação histórica, mas adotará uma abordagem diferente

Milei: O primeiro contato direto de Javier Milei, presidente eleito da Argentina, com Londres foi um telefonema com o chanceler britânico (Luis Robayo/AFP)

Milei: O primeiro contato direto de Javier Milei, presidente eleito da Argentina, com Londres foi um telefonema com o chanceler britânico (Luis Robayo/AFP)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 23 de novembro de 2023 às 09h31.

Última atualização em 23 de novembro de 2023 às 13h10.

A conversa desta terça-feira, 22, foi cordial e durou apenas alguns minutos, segundo assessores. O primeiro contato direto de Javier Milei, presidente eleito da Argentina, com Londres foi um telefonema com o chanceler britânico, David Cameron. Os dois conversaram sobre Winston Churchill, Rolling Stones e Margaret Thatcher, mas evitaram tocar no assunto mais quente da política externa argentina dos últimos 40 anos: a soberania das Malvinas.

A questão das ilhas volta à tona sempre que há uma troca de guarda em Buenos Aires, especialmente com governos de centro-direita, mais dispostos a uma aproximação com Londres. A relação com o Reino Unido foi tensa durante a presidência de Alberto Fernández, que condicionava o diálogo comercial entre os dois países à negociação sobre a soberania das Malvinas.

O novo governo argentino deu mostras de que não desistirá da reivindicação histórica, mas adotará uma abordagem diferente. Há duas semanas, Diana Mondino, favorita para ocupar o cargo de chanceler de Milei, disse que a soberania da Argentina sobre as Malvinas é “imprescritível”, mas que era preciso respeitar o direito de autodeterminação dos habitantes das ilhas - cerca de 3 mil descendentes de britânicos que não têm nenhuma identificação com a Argentina.

Milei afirmou várias vezes que pretende retomar o controle das ilhas, mas por meio da diplomacia. Em entrevista ao La Nación, na semana passada, ele propôs que o Reino Unido entregasse as Malvinas em um esquema parecido com o de Hong Kong, que foi devolvido à China em 1997. A resposta de Londres veio na segunda-feira. “Essa questão está encerrada e foi resolvida há muito tempo”, disse o premiê britânico, Rishi Sunak.

Paciência

A diplomacia de Milei, no entanto, prega paciência. Por isso, a conversa de ontem com Cameron foi amena. “Conversei com o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, para parabenizá-lo pela vitória eleitoral e desejar-lhe boa sorte, enquanto se prepara para assumir o cargo. Há muito o que Reino Unido e Argentina podem alcançar trabalhando juntos”, disse Cameron, que voltou recentemente ao governo britânico, no cargo de chefe da diplomacia do Reino Unido, após uma reforma do gabinete promovida por Sunak.

Assessores, que presenciaram o diálogo, disseram que o presidente eleito contou a Cameron sobre o seu fanatismo pelos Rolling Stones - e o britânico respondeu dizendo que conhecia o vocalista da banda, Mick Jagger.

Milei também comentou sobre sua admiração por Churchill e Thatcher, dois primeiros-ministros históricos do Partido Conservador, que governa o Reino Unido. A admiração pela Dama de Ferro, em particular, é vista na Argentina como problemática, por causa da Guerra das Malvinas, de 1982.

Além de coordenar a retomada do arquipélago britânico, no Atlântico Sul, que havia sido invadido pela Argentina, ela deu a ordem para afundar o cruzador General Belgrano, que matou 323 marinheiros argentinos.

Odiada na Argentina, mas admirada por Milei, que defendeu Thatcher no último debate presidencial, contra o adversário Sergio Massa, usando uma metáfora do futebol. Na ocasião, o libertário disse que considerava o holandês Johan Cruyff um craque, mesmo que ele tenha marcado quatro gols na Argentina na Copa de 1974 - na verdade, ele fez dois gols na vitória de 4 a 0 da Holanda.

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