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Milei e Trump: qual é a tarifa imposta pelos EUA à Argentina?

Tarifa de 10% imposta por Trump sobre as exportações argentinas desafia a economia do país, enquanto Milei negocia para mitigar impactos e buscar um acordo de livre comércio

Milei e Trump: presidente argentino anunciou que já cumpriu 9 dos 16 requisitos necessários para tarifas recíprocas mais favoráveis (HANDOUT/Argentinian Presidency/AFP)

Milei e Trump: presidente argentino anunciou que já cumpriu 9 dos 16 requisitos necessários para tarifas recíprocas mais favoráveis (HANDOUT/Argentinian Presidency/AFP)

Publicado em 6 de agosto de 2025 às 08h56.

Última atualização em 6 de agosto de 2025 às 09h16.

As tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entram em vigor nesta quarta-feira, 6, com o Brasil enfrentando a tarifa mais alta, de 50%.

A Argentina, por sua vez, teve a tarifa padrão de 10% aplicada sobre suas exportações para os EUA. A medida, embora mais branda em comparação ao Brasil, é um aumento considerável frente à tarifa anterior de aproximadamente 3%. A taxa representa o valor mínimo imposto pela administração Trump, e, para analistas do mercado, pode ser um golpe para uma economia já fragilizada do país vizinho.

Entre os principais produtos argentinos exportados para os EUA estão carne bovina, produtos agrícolas, aço e alumínio, que poderão passar por um aumento significativo nos custos, comprometendo a competitividade das empresas argentinas no mercado internacional.

Além disso, setores como vidro, químicos e lã, que têm uma presença importante no comércio bilateral, também serão afetados pela tarifa — um desafio extra para o governo de Javier Milei, que já lida com problemas fiscais e uma inflação crescente no país.

Apesar dos obstáculos impostos pelas tarifas, o governo de Milei continua intensificando as negociações bilaterais com os Estados Unidos para tentar mitigar os efeitos dessa medida. O presidente argentino anunciou que já cumpriu 9 dos 16 requisitos necessários para tarifas recíprocas mais favoráveis, incluindo reformas legislativas para se alinhar aos padrões exigidos pelos EUA.

Também há discussões sobre a possibilidade de isenção de tarifas para até 150 produtos, o que poderia beneficiar cerca de 80% das exportações argentinas para o mercado americano. As negociações são cruciais para estabilizar os setores mais afetados pelas tarifas e garantir que a Argentina continue competitiva no comércio global.

Para o JPMorgan, a flexibilidade nas tarifas e a possibilidade de um acordo de livre comércio com os EUA são estratégias essenciais para evitar uma desaceleração ainda maior no comércio bilateral. A redução das tarifas seria uma medida importante para preservar os postos de trabalho na Argentina e garantir que os setores-chave da economia do país não sofram danos irreparáveis, segundo o banco.

Milei segue otimista quanto à possibilidade de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Ele acredita que um pacto estratégico poderia eliminar ou reduzir significativamente as tarifas impostas pelos EUA.

Para isso, o presidente argentino não descarta a possibilidade de a Argentina deixar o Mercosul, caso isso facilite um acordo bilateral mais vantajoso com os EUA. Embora tanto Trump quanto Milei demonstrem abertura para esse tipo de negociação, o governo americano enfatiza que está em busca de acordos justos e equitativos, não se comprometendo com tratados tradicionais de livre comércio.

A parceria de Milei e Trump

Apesar da forte relação pessoal e ideológica entre Milei e Trump, vistos como aliados em várias questões econômicas e culturais, o apoio mútuo não tem se traduzido completamente em ganhos econômicos para a Argentina.

Para Marcelo J. García, diretor da consultoria de risco Engage, essa relação, embora politicamente vantajosa para Milei no contexto internacional, ainda não se converteu em benefícios econômicos substanciais para a Argentina. “A expectativa é alta, mas é preciso que o governo argentino vá além da retórica e entregue resultados palpáveis em termos de comércio e atração de capital", disse ele à Associated Press.

Além disso, as tarifas de Trump revelam uma discrepância crescente entre a agenda política de Milei e os desafios comerciais concretos que a Argentina enfrenta. Benjamin Gedan, diretor do Wilson Center, também destaca que, embora Milei tenha se consolidado como um dos principais aliados internacionais de Trump, ainda não está claro o que a Argentina realmente ganha politicamente com essa amizade.

“Milei rapidamente se tornou um rosto internacional relevante por sua proximidade com Trump, mas a influência política ainda precisa se traduzir em ações concretas que tragam benefícios tangíveis para a Argentina", disse ele à agência de notícias AFP. “É importante observar que essa ligação política não é uma solução mágica para as dificuldades econômicas da Argentina; sem avanços práticos, a relação corre o risco de ser apenas um discurso político.”

A falta de resultados concretos, é exacerbada pela ausência de uma estratégia clara de como a Argentina pode transformar sua proximidade com os EUA em acordos comerciais sólidos e justos. A política protecionista de Trump, com tarifas mais altas para a Argentina, não facilita a criação de um ambiente de negócios favorável para os exportadores argentinos. De acordo com analistas financeiros, a abertura dos EUA para negociações comerciais, sob as condições da administração Trump, ainda depende de uma série de concessões e ajustes das políticas internas da Argentina.

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