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Milei diz que 'não será chantageado por terrorismo' após Venezuela fechar espaço aéreo à Argentina

Decisão do governo Maduro é uma resposta à detenção de uma aeronave da Emtrasur, com tripulação iraniana, pela Argentina a pedido dos Estados Unidos, para onde foi enviada posteriormente

Javier Milei, presidente da Argentina

Javier Milei, presidente da Argentina

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 13 de março de 2024 às 15h41.

Após a Venezuela fechar o espaço aéreo para voos da Argentina nesta quarta-feira, o governo de Javier Milei respondeu à decisão afirmando que o país "não vai se permitir ser chantageado por amigos do terrorismo".

Segundo o porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, o país "iniciou uma ação diplomática contra a Venezuela", levando em conta os prejuízos da ação para o setor aéreo argentino.

— Confirmo que a Argentina iniciou uma ação diplomática contra a Venezuela, liderada por Maduro, após sua decisão de proibir o uso do espaço aéreo por aeronaves argentinas, com os danos que isso acarreta para nosso país — disse Adorni em entrevista nesta manhã.

O episódio é mais um capítulo das tensões entre Milei e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em torno da detenção de um avião da Emtrasur, companhia venezuelana, cuja tripulação era de origem iraniana. A aeronave foi confiscada em solo argentino a pedido dos Estados Unidos, que denunciou uma suposta conexão com a Guarda Revolucionária do Irã. Após passar meses no Aeroparque Jorge Newbery, em Buenos Aires, o avião foi enviado em fevereiro aos EUA, sob suspeita de uso para operações secretas. A Venezuela, por outro lado, acusa a Argentina de "roubar" o Boeing.

— Isso faz parte de uma retaliação da Venezuela porque a Argentina aceitou a ordem de confiscar o avião da Emtrasur ligado à Guarda Revolucionária Islâmica do Irã. A Argentina não vai se permitir ser chantageada por amigos do terrorismo — afirmou Adorni.

Em uma carta enviada pelo Ministério das Relações Exteriores da Argentina, o governo advertiu que tomará as medidas necessárias na Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) por violação à Convenção de Chicago, de 1944, que estabeleceu as bases do Direito Aeronáutico Internacional que vigoram até hoje.

A decisão venezuelana de fechar o espaço aéreo afeta diretamente as operações da empresa Aerolíneas Argentinas em suas rotas para o Aeroporto Internacional John F. Kennedy (JFK), Miami e Punta Cana, de acordo com o que fontes ouvidas pelo jornal argentino La Nación.

O desentendimento ideológico entre Milei e Maduro já levou a vários confrontos no passado. Um deles foi sobre o avião, que estava na Argentina desde o governo de Alberto Fernández.

— Eles roubaram nosso avião da Emtrasur. O bandido de Milei roubou o avião da Venezuela. Javier Milei, o herói da ultradireita dos sobrenomes, esse herói da ultradireita dos sobrenomes roubou um grande avião da Venezuela, de vocês, trabalhadores da Conviasa. O louco Milei, ele finge ser louco ou é louco ou os dois ao mesmo tempo? Ah, mas ele roubou um avião da Venezuela — disse Maduro.

A última troca de palavras ocorreu depois que o líder venezuelano usou minutos de seu discurso anual na Assembleia Nacional para enviar uma mensagem forte ao líder libertário, a quem descreveu como "um erro na história da Argentina e da América Latina" por causa das políticas que pretende implementar para minimizar a intervenção do Estado.

Na época, Milei respondeu a ele durante sua viagem ao Fórum de Davos.

"Não esperava tantos elogios", ironizou o presidente na rede social X, acrescentando: "O socialista empobrecedor de Maduro dizendo que sou um erro histórico na América Latina confirma que estamos no caminho certo".

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