Javier Milei, presidente da Argentina, durante almoço na Casa Branca (Andrew Reynolds/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 22 de outubro de 2025 às 06h01.
Última atualização em 22 de outubro de 2025 às 06h04.
O presidente da Argentina, Javier Milei, enfrenta, neste domingo, 26, seu maior teste nas urnas desde o início do mandato. As eleições legislativas renovarão o Congresso argentino e poderão selar o destino do resto de seu mandato. Se seu partido tiver poucos votos, ele não terá força para aprovar reformas e poderá ver seus decretos derrubados.
Para tentar um bom resultado na disputa, Milei tem apostado na proximidade com o presidente americano Donald Trump. No começo de outubro, Milei lançou seu plano de campanha, chamado "Argentina Grande Otra Vez", claramente inspirado no slogan de Trump, Make America Great Again.
O plano tem dois eixos principais, uma reforma trabalhista e outra tributária. Entre as propostas, estão permitir a contratação de trabalhadores com pagamento 100% em dólar, acabar com a renovação automática de acordos coletivos de trabalho e reduzir a judicialização trabalhista.
Na parte fiscal, Milei promete eliminar cerca de 20 impostos e ampliar as possibilidades de deduções fiscais.
"Graças à redução de entraves burocráticos, de impostos e de taxas de juros — em decorrência do menor risco-país — e à redução do contencioso trabalhista, assistiremos a uma revolução produtiva sem precedentes em nossa história", disse Milei, em um discurso de campaha.
Além deste plano, o partido de Milei, A Liberdade Avança, tem prometido medidas de segurança pública, como reduzir a maioridade penal, aumentar as penas para delitos envolvendo torcidas organizadas e regularizar armas de fogo em situação irregular.
Trump tem lhe dado apoio público. O governo dos EUA assinou um acordo para fornecer US$ 20 bilhões à Argentina, e prometeu um segundo acordo, que poderá trazer mais US$ 20 bilhões.
O apoio ajudou Milei a superar uma crise cambial no fim de setembro. No entanto, o líder americano tem cobrado uma vitória nas urnas.
"Estamos aqui para te dar apoio nas próximas eleições. Se a Argentina vai bem, outros países seguirão. Mas se não ganhar, não contará conosco. Se perder, não seremos generosos", disse Trump, durante visita de Milei à Casa Branca, em 14 de outubro.
"A vitória é muito importante. Nossos acordos estão sujeitos a quem ganhar as eleições. Porque com um socialista é muito diferente fazermos investimentos", afirmou o americano.
"Quero ver a Argentina com êxito e creio que com a liderança de Milei, pode conseguir. Vai na direção correta", disse Trump.
Nas eleições de 26 de outubro, Milei precisa garantir ao menos um terço das cadeiras para poder aprovar reformas e evitar que seus decretos sejam derrubados. Nas últimas semanas, houve várias medidas presidenciais suspensas pelos parlamentares.
O presidente argentino tem mandato até o fim de 2027, mas poderá enfrentar dois anos de mandato difíceis, sem força no Congresso. Hoje, o partido do presidente tem apenas 36 dos 257 assentos na Câmara dos Deputados e depende do apoio de outros partidos para aprovar pautas.