Mundo

Milei anuncia redução da tarifa de importação para combater inflação na Argentina

Governo de Javier Milei diminui imposto de 17,5% para 7,5% em um esforço para controlar alta dos preços e cumprir as promessas de campanha

Conter a inflação na Argentina é o principal foco do governo de Javier Milei.

Conter a inflação na Argentina é o principal foco do governo de Javier Milei.

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 28 de agosto de 2024 às 06h41.

Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 13h10.

O governo argentino, liderado pelo presidente Javier Milei, anunciou a redução de uma importante tarifa de importação em uma tentativa de conter a inflação, que tem sido um dos principais desafios econômicos do país. A decisão, comunicada pelo ministro da Economia, Luis Caputo, reduz a alíquota do imposto conhecido como PAIS (Imposto para uma Argentina Inclusiva e Solidária, em espanhol) de 17,5% para 7,5%. De acordo com a Bloomberg, a medida busca aliviar a pressão sobre os preços dos produtos importados, que aumentaram significativamente desde que o próprio Milei elevou a tarifa após assumir o cargo em dezembro.

Milei, que assumiu a presidência em meio a uma crise econômica, priorizou a redução da inflação desenfreada, que atingiu 26% ao mês após a desvalorização da moeda em dezembro passado, mas foi gradualmente controlada para 4% até julho deste ano. No entanto, as medidas de austeridade implementadas para equilibrar o orçamento, como a remoção de subsídios a serviços públicos e transporte, geraram um impacto contrário, elevando os preços.

A redução da tarifa de importação é uma tentativa de compensar os efeitos dessas medidas de austeridade, proporcionando um alívio nos custos dos bens importados, ao mesmo tempo em que Milei segue em frente com a redução de subsídios em várias áreas da economia. Além disso, a diminuição da tarifa pode ser vista como um gesto simbólico de Milei para cumprir a promessa de campanha de cortar impostos, reforçando seu compromisso com os eleitores.

Mais amplamente, a redução do imposto PAIS é um passo modesto, mas significativo, nos esforços de Milei para normalizar a economia argentina. O governo busca um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para substituir o atual programa de US$ 44 bilhões (R$ 242 bilhões). Até agora, as negociações para um novo programa não avançaram de forma concreta, enquanto Milei mantém controles cambiais sobre o peso, que é amplamente visto como sobrevalorizado.

Limite de US$ 200

Até julho, o governo argentino arrecadou 4,3 trilhões de pesos (aproximadamente R$ 24,65 bilhões) com o imposto PAIS, o que representa cerca de 6% da receita total de impostos, de acordo com dados oficiais. O imposto é aplicado em uma série de transações além das importações.

Apesar da redução anunciada, o governo de Milei ainda enfrenta desafios significativos. Por exemplo, a tarifa PAIS é aplicada em níveis diferentes quando os argentinos trocam pesos por dólares em bancos, e essa taxa não será alterada por enquanto. Além disso, o limite mensal de US$ 200 (R$ 1,1 mil) que os argentinos podem trocar também permanece em vigor, enquanto os controles cambiais continuam a ser uma característica central da política econômica de Milei.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaInflaçãoJavier MileiImpostosImportações

Mais de Mundo

Ex-presidente argentino Fernández obrigou Yáñez a abortar, declara ex-cunhada

Coordenadora de campanha de Kamala adverte que retórica de Trump tem consequências reais

Governo argentino obriga linhas aéreas a garantirem 50% do serviço durante greves no país

Suspeito por nova tentativa de assassinato de Trump é indiciado por posse ilegal de armas