O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, participa de entrevista coletiva no Departamento de Estado, em Washington (AFP/AFP)
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, inicia nesta terça-feira, 11, uma visita de cinco dias a quatro países da Europa Central e Oriental (República Tcheca, Eslovênia, Áustria e Polônia). Um dos objetivos da viagem é discutir a realocação de tropas americanas em território europeu. Outra pauta na agenda é costurar acordos para conter a influência chinesa e russa na região.
A viagem do chefe da diplomacia americana ocorre poucos dias depois de o presidente Donald Trump criticar a Alemanha por não contribuir, segundo ele, com uma parcela justa para a manutenção de tropas americanas em território alemão, ao mesmo tempo em que gasta “bilhões de dólares por ano” para comprar petróleo e gás da Rússia. Herança da Segunda Guerra, os Estados Unidos têm cerca de 63.500 militares na Europa, dos quais pouco mais da metade na Alemanha.
No fim de julho, Trump afirmou que vai retirar 12.000 militares da Alemanha. Desses, com parte voltando para os EUA e parte transferido para outros países da Otan, a aliança militar criada em 1949 para impedir o avanço soviético. Um acordo entre os países membros da Otan prevê que cada um deles deverá, até 2024, destinar no mínimo 2% do PIB para gastos com defesa. A Alemanha reserva atualmente 1,4% do PIB para defesa militar, e o governo não tem planos de aumentar esse nível antes de 2031.
Ao que parece, a ideia do governo Trump é usar suas tropas como moeda de troca com os aliados. A Polônia é um dos países que esperam receber militares americanos que forem retirados da Alemanha. O ministro da Defesa polonês, Mariusz Blaszczak, disse que os Estados Unidos vão enviar pelo menos 1.000 soldados para a Polônia, uma forte defensora da Otan devido às suas preocupações históricas com a vizinha Rússia. Pompeo visitará a Polônia no sábado, quando o país vai celebrar o 100º aniversário da Batalha de Varsóvia, na qual as forças polonesas derrotaram o Exército Vermelho em 1920, impedindo a instalação de um governo bolchevique no país.
Antes de seguir para Varsóvia, Pompeo passará por Praga e Pilsen, na República Tcheca, por Liubliana, na Eslovênia, e por Viena, na Áustria. O secretário de Estado viajou acompanho de sua mulher, Susan Pompeo, o que gerou críticas da imprensa americana, uma vez que ela não desempenha uma função oficial e vai participar do roteiro do marido num momento em que milhões de americanos estão impedidos de entrar na Europa por causa da pandemia do coronavírus.
Em sua viagem à Europa, Pompeo tentará também angariar aliados na guerra comercial que os Estados Unidos vêm travando com a China. Um dos focos de Pompeo nas reuniões com os líderes europeus será convencê-los a não adquirir a tecnologia de redes 5G da chinesa Huawei. O governo Trump lançou recentemente uma ofensiva pedindo às empresas americanas que removam a tecnologia chinesa “não confiável” de suas redes digitais, sob a alegação de falta de transparência e riscos de espionagem pelo governo de Pequim.