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Mike Pompeo diz que ataque à Arábia Saudita foi "ato de guerra" do Irã

"Foi um ataque iraniano", declarou o secretário de Estado americano, Mike Pompeo; O Irã nega ter tido qualquer papel nos ataques contra a Arábia Saudita

Mike Pompeo: secretário de Estado americano (Eduardo Munoz Alvarez/Getty Images)

Mike Pompeo: secretário de Estado americano (Eduardo Munoz Alvarez/Getty Images)

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AFP

Publicado em 18 de setembro de 2019 às 18h29.

O secretario de Estado americano, Mike Pompeo, em visita nesta quarta-feira (18) à Arábia Saudita, qualificou o ataque contra instalações petroleiras do reino como um "ato de guerra", e voltou a acusar o Irã após a apresentação de uma investigação saudita, segundo a qual o Irã teria apadrinhado o ataque.

Enviado à Arábia Saudita para "coordenar os esforços para enfrentar a agressão iraniana na região", Pompeo reiterou que o Irã é responsável pelos devastadores ataques de sábado.

"Foi um ataque iraniano", declarou o secretário de Estado americano. Foi um "ato de guerra", que tem "as digitais do aiatolá" Ali Khamenei, guia supremo do Irã, acrescentou, embora os ataques tenham sido reivindicados pelos rebeldes iemenitas huthis.

Em Jidá (oeste), o chefe da diplomacia americana se reuniu com o homem forte do país, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Pompeo disse em sua chegada que "foi um ataque iraniano. Não veio dos huthis" e assegurou que "os equipamentos usados não são conhecidos por pertencer ao arsenal" destes rebeldes.

Mas, em um contexto de tensão regional, que provocou forte alta nos preços do petróleo, os rebeldes iemenitas, que no passado lançaram ataques contra instalações petroleiras sauditas, advertiram que estão dispostos agora a atacar "dezenas de alvos" nos Emirados Árabes Unidos.

Riad informou que segue investigando a localização exata de onde os disparos foram feitos, enquanto Teerã rejeita taxativamente as acusações.

O presidente americano, Donald Trump, advertiu que tem "muitas opções" sobre a mesa para responder ao Irã e anunciou que "nas próximas 48 horas" haverá detalhes sobre as novas sanções a Teerã, que seu governo já tinha anunciado rapidamente depois dos ataques.

"O ataque foi lançado do norte e inquestionavelmente foi responsabilidade do Irã", assegurou o porta-voz do ministério da Defesa saudita, Turki Al Maliki, que mostrou em coletiva de imprensa restos de drones e mísseis que supostamente foram recolhidos pelos serviços de investigação.

"Estamos investigando para saber a localização exata dos pontos de lançamento", acrescentou.

Segundo ele, 18 drones e sete mísseis de cruzeiro atingiram os sítios petroleiros procedentes de um lugar que não é o Iêmen - situado ao sul da Arábia Saudita -, cujos rebeldes huthis xiitas tinham reivindicado o ataque.

No entanto, o encarregado saudita se absteve de acusar diretamente o Irã de ter lançado os ataques de seu território.

Especialistas da ONU vão viajar à Arábia Saudita para realizar uma investigação internacional, informaram nesta quarta-feira à AFP fontes diplomáticas sob condição de anonimato.

O Irã nega ter tido qualquer papel nos ataques contra seu rival regional.

Os Estados Unidos "atacam DELIBERADAMENTE civis comuns" com suas novas sanções, acusou no Twitter o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif.

Washington reativou a onda de sanções contra Teerã em maio de 2018, quando decidiu denunciar unilateralmente o acordo sobre o programa nuclear iraniano. Desde então, as sanções e as ameaças têm aumentado e, inclusive, provocado incidentes armados, como a derrubada de um drone americano na região do Golfo.

Trump conversou por telefone com o premiê britânico, Boris Johnson, sobre "uma resposta diplomática unida" por parte da comunidade internacional, informou nesta quarta-feira Downing Street.

Advertência

Seja por seus autores, o lugar de onde foi lançado ou o armamento utilizado, o ataque de sábado passado suscita até agora mais perguntas do que respostas.

Em nota transmitida na segunda-feira à embaixada da Suíça em Teerã, que representa os interesses americanos no Irã, a República Islâmica "insiste em que não desempenhou nenhum papel no ataque", publicou a agência de notícias iraniana IRNA.

A mensagem "adverte os funcionários americanos de que se adotarem alguma medida contra o Irã, será dada uma resposta imediata de um alcance muito maior que uma simples ameaça".

O presidente Hassan Rohani tinha dito anteriormente que os ataques de sábado eram uma advertência lançada pelos rebeldes iemenitas a Riad, que deveria "aprender a lição (...)".

"Os iemenitas não atacaram um hospital, nem uma escola, atacaram um centro industrial como advertência", disse Rohani no conselho de ministros, segundo um vídeo de seu discurso, transmitido pela TV oficial.

Riad assiste militarmente o governo iemenita desde 2015 na luta contra os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã, que se apoderaram de vastos setores do território, entre eles a capital, Sanaa.

Tensões

Os ataques contra a Arábia Saudita desataram o temor de um confronto militar com o Irã. Em junho, Trump disse ter cancelado em cima da hora ataques contra alvos iranianos, depois que a República Islâmica derrubou um drone americano.

Teerã já tinha descartado todas as negociações com os Estados Unidos na ONU, a menos que "se arrependa de ter se retirado do acordo nuclear em 2018", segundo as palavras do aiatolá Ali Khamenei, guia supremo iraniano.

Rohani poderá se ausentar da Assembleia Geral da ONU, este mês, em Nova York, devido à falta de vistos concedidos pelos Estados Unidos aos seus funcionários, advertiu a agência oficial Irna.

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