Turquia: cerca de 200 mil civis fugiram da ofensiva turca na Síria (Huseyin Aldemir/Reuters)
Reuters
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 12h51.
Ancara — O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, se encontrou com o presidente turco, Tayyip Erdogan, na Turquia, nesta quinta-feira, com a missão de persuadi-lo a deter uma ofensiva contra combatentes curdos no nordeste da Síria, mas autoridades turcas disseram que a ação militar prosseguirá mesmo assim.
O ataque criou uma nova crise humanitária na Síria. Cerca de 200 mil civis fugiram, existe um alerta de segurança devido aos milhares de combatentes do Estado Islâmico abandonados em prisões curdas e o presidente dos EUA, Donald Trump, enfrenta um turbilhão político em casa.
Trump foi acusado de abandonar os combatentes liderados pelos curdos, que eram os principais aliados dos EUA na luta para desmantelar o autodeclarado califado do Estado Islâmico na Síria, ao retirar tropas da fronteira, o que levou a Turquia a iniciar sua ofensiva no dia 9 de outubro.
Trump defendeu a medida na quarta-feira, qualificando-a de "estrategicamente brilhante". Ele disse acreditar que Pence e Erdogan teriam uma reunião bem-sucedida, mas alertou que as sanções e tarifas dos EUA "serão devastadoras para a economia da Turquia" em caso contrário.
A Casa Branca divulgou uma carta enviada por Trump a Erdogan em 9 de outubro em que o líder norte-americano disse: "Não seja durão" e "Não seja tolo!".
A emissora turca CNN Turk disse que a Turquia rejeitou o apelo de Trump para chegar a um acordo para evitar um conflito e que a carta foi "jogada no lixo".
Uma autoridade turca disse à Reuters: "A carta que Trump enviou não teve o impacto que ele esperava na Turquia porque não tinha nada para ser levado a sério. O que está claro é que a Turquia não quer uma organização terrorista em sua fronteira, e a operação não parará por causa da reação que está vindo".
Pence e o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, não falaram com os repórteres antes do início da reunião com Erdogan, mas a autoridade turca disse que provavelmente transmitiriam as mesmas exigências dos EUA, acrescentando: "Entretanto, negociar com uma organização terrorista ou recuar da operação em andamento não estão na pauta".
Na segunda-feira, o assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse ao canal CNBC que o país está preparado para impor sanções adicionais, se necessário, "para manter a Turquia na linha".
Ibrahim Kalin, um conselheiro destacado de Erdogan, disse que o Ministério das Relações Exteriores turco está se preparando para retaliar as sanções de seu parceiro na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).