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Migrantes optam por pedir refúgio ao México após medidas drásticas de Trump

Na sua primeira semana como presidente, Trump tem endurecido medidas contra migração, assim como prometeu durante campanha

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 20h21.

Centenas de migrantes bloqueados no sul do México optaram por pedir refúgio a este país, após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de cancelar um programa que permitia a obtenção de asilo.

Muitos deles, procedentes de países latino-americanos, já haviam agendado ou buscavam datas para as entrevistas de solicitação de asilo através do aplicativo de celular CBP One, mas a plataforma foi desabilitada assim que Trump tomou posse na segunda-feira.

Relutantes a voltar para seus lugares de origem, de onde saíram fugindo da pobreza, da violência ou de perseguições políticas, centenas começaram a solicitar proteção ao México na cidade de Tapachula (Chiapas, fronteira sul com a Guatemala).

"Não posso retornar ao meu país porque sou um perseguido político. Tenho problemas lá pela política e retornar ao meu país é morrer", disse nesta quarta-feira, 22, à AFP o venezuelano Engelber Vázquez, de 42 anos, em uma longa fila diante da Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (Comar).

Vázquez garante que está na mira das autoridades venezuelanas por participar dos protestos contra a reeleição de Nicolás Maduro no ano passado, que a oposição e vários governos consideram fraudulenta.

Na fila também estava o hondurenho Carlos Alfredo Maduro, de 34 anos e que chegou ao México há três meses.

"O CBP One foi cancelado e o que vamos fazer agora é [...] pedir refúgio aqui, porque muitos de nós, migrantes, não queremos retornar ao nosso país. O México me estendeu a mão", assinalou.

Além de anular o CBP One, Trump anunciou que vai deportar milhões de migrantes que residem de maneira irregular nos Estados Unidos e ordenou um reforço na segurança na fronteira com mais 1.500 militares.

O magnata republicano também reativou o programa "Fique no México", que obriga os migrantes a esperarem a resolução de seus processos do outro lado da linha divisória, de 3.100 km.

Por sua vez, a presidente mexicana Claudia Sheinbaum abriu a possibilidade de regularizar migrantes estrangeiros ou repatriá-los se estiverem de acordo.

O México concedeu refúgio a quase 23 mil estrangeiros entre janeiro e novembro de 2024, segundo números oficiais.

Nesta segunda, a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou em um comunicado que a eliminação do CPB One é uma medida "irresponsável" que deixa os migrantes expostos a "maiores perigos" em uma rota onde a "violência é extrema".

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