Em uma recente enquete de Gallup, 68% dos americanos afirmaram ter uma opinião positiva de Michelle (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 23 de janeiro de 2013 às 12h18.
Washington - Michelle Obama e Ann Romney, as esposas dos dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos, iniciaram suas corridas particulares à Ala Leste da Casa Branca, na qual mostram duas formas de entender o lado pessoal e familiar dos candidatos.
Nessa corrida, a atual primeira-dama sai com vantagem, por ser mais conhecida entre os cidadãos e ter altos índices de popularidade. No entanto, os republicanos confiam no potencial da esposa de Mitt Romney para se conectar com a sociedade mais tradicional e conservadora do país.
O perfil de Michelle Obama, uma afro-americana de 48 anos e origem humilde, advogada de profissão, mãe de duas filhas adolescentes, contrasta com o de Ann Romney, branca de 63 anos, de classe média, mãe de cinco filhos, avó de 18 netos e tradicional dona de casa.
"Tomei a decisão de ficar em casa e criar cinco meninos; acreditem, é um trabalho duro", disse a esposa do republicano na sua conta do Twitter. Foi assim que Ann entrou em campanha.
Seu status de dona de casa, inclusive, foi o centro do debate público. Uma colaboradora dos democratas, Hillary Rosen, questionou em televisão como a esposa do candidato republicano podia falar de economia sem ter trabalhado fora de casa.
Contudo, em um país onde aproximadamente 15% das mães com filhos mais novos não trabalha, os apoios das donas de casa à Romney se multiplicaram, os democratas condenaram os comentários e Michelle chegou a louvar sua "rival".
Em contrapartida, a esposa de Romney, a quem seu marido chama de "carinho", disse que nunca teve que contratar uma babá para seus filhos nem uma empregada doméstica. Além disso, destacou que é tão apaixonada pela cozinha, que até presenteia os jornalistas com bolachas caseiras.
O escritor Gary Toyn, que acaba de publicar um livro que relata várias histórias de mães marcadas pela fé, entre elas Ann, disse à Agência Efe que a religião mórmon é essencial para entender a personalidade da esposa de Romney.
Segundo Toyn, Ann possui uma grande força mental, que a teria ajudado a superar um câncer de mama em 2007 e a conviver com a esclerose múltipla com a qual foi diagnosticada.
Durante as eleições primárias republicanas, Ann participou da campanha de seu marido, percorreu o país em avião e em ônibus, e se sobressaiu com seus discursos para seu marido. No entanto, à esposa de Mitt Romney, ainda tem muito trabalho por fazer: as últimas enquetes indicam que cerca de seis entre cada dez americanos não a conhecem o suficiente para ter uma opinião formada dela.
No caso de Michelle Obama, o que acontece é o contrário. A primeira-dama supera em popularidade seu marido e a secretária de Estado Hillary Clinton, quando essa foi primeira-dama entre 1993 e 2001.
Em uma recente enquete de Gallup, 68% dos americanos afirmaram ter uma opinião positiva de Michelle, percentagem que se manteve quase intacta ao longo do mandato democrata.
Outro ponto importante é que, durante estes quatro anos, Michelle Obama construiu dois pilares para sua figura de primeira-dama: a luta contra a obesidade infantil e o apoio às famílias dos veteranos.
Toda primeira-dama elogiada nos Estados Unidos defendeu uma causa social. Dessa forma, Michelle tentou construir um pacto nacional para melhorar a alimentação infantil e criar iniciativas para mudar a situação enfrentada pelos soldados ao voltar do Afeganistão e Iraque.
Os democratas usarão estas causas, menos politizadas que as do gabinete presidencial, na campanha das eleições de novembro e já criaram material exclusivo da primeira-dama, como se pudesse votar diretamente em Michelle.
Além disso, a primeira-dama publicou no final de maio um livro sobre seu projeto de horta ecológica na Casa Branca, com conselhos para manter uma vida saudável e receitas, e na mesma semana assinou exemplares em uma livraria de Washington.
Dessa forma, é possível dizer que Michelle Obama e Ann Romney já estão em plena campanha.