Mundo

México se prepara para tarifas e deportações após vitória de Trump

Especialistas preveem desafios para o México com tarifas e políticas migratórias severas dos EUA

México se prepara para enfrentar novas tarifas e deportações com a vitória de Trump. (AFP)

México se prepara para enfrentar novas tarifas e deportações com a vitória de Trump. (AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 18h16.

Tudo sobreMéxico
Saiba mais

A vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos coloca o México diante de potenciais tensões comerciais, tarifas e deportações em massa de migrantes, o que deve testar a relação entre os dois países, que compartilham uma extensa fronteira. Segundo analistas, o cenário pode ser desafiador.

Na véspera da eleição, Trump prometeu impor tarifas de 25% às exportações do México caso o país não consiga conter o tráfico de drogas e a "ofensiva de criminosos". Pamela Starr, especialista em relações EUA-México, afirma que o país "deve levar a sério o que Trump diz", dado seu histórico de políticas severas, como a construção de parte de um muro na fronteira.

A especialista alerta que Trump "gosta de negociar a partir de uma posição de força" e tende a adotar retóricas intensas para obter concessões. Reflexo desse cenário, o peso mexicano caiu ao menor nível em dois anos após a confirmação da vitória de Trump, com o mercado se preparando para uma possível escalada nas tensões comerciais.

Resiliência econômica

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, buscou tranquilizar a população ao afirmar que a economia mexicana é sólida e que o país se beneficia de uma integração econômica com os EUA. “Não competimos, nos complementamos”, afirmou ela.

No entanto, analistas preveem desafios adicionais no plano pessoal, dado o perfil da presidente mexicana, uma mulher abertamente feminista e de esquerda, em contraste com a linha de Trump. "Sheinbaum não é apenas uma mulher, ela é forte e inteligente.

Trump tende a não se sentir à vontade com perfis como o dela”, aponta Starr. Segundo a analista, Trump pode adotar uma postura de confronto, mas Sheinbaum deve responder com firmeza.

Para Gabriela Siller, chefe de análise econômica do Banco BASE, as tarifas prometidas de 25% não são uma "ameaça qualquer". Segundo Siller, elas podem impactar severamente as exportações, além de afetar o investimento estrangeiro direto e o crescimento econômico.

Impacto na Imigração

Trump prometeu realizar a maior deportação de imigrantes da história dos EUA, uma medida que pode ser particularmente desafiadora para o México.

Durante a eleição, uma nova caravana de migrantes partiu do sul do país rumo à fronteira americana.

“Trump tentará deportar o maior número de migrantes sem documentação, um desafio direto à relação México-EUA”, avalia Starr.

Sheinbaum afirmou que as ações do México já contribuíram para reduzir em 75% a entrada de migrantes na fronteira dos EUA desde o ano anterior. Mesmo assim, Trump deve continuar a pressionar o México. Duncan Wood, presidente do Conselho do Pacífico sobre Política Internacional, relembra que Trump obteve reações rápidas do México em seu primeiro mandato ao ameaçar impor tarifas caso o país não contivesse as caravanas de migrantes.

A relação comercial pode se tornar “muito desordenada”, alerta Wood, que acredita que Trump pode até buscar renegociar o T-MEC para obter condições ainda mais favoráveis. Essa incerteza representa um obstáculo para o esforço mexicano de atrair fábricas americanas em processos de "nearshoring" da Ásia.

Apesar das ameaças de ações militares contra cartéis mexicanos, Wood acredita que são promessas pouco prováveis de serem cumpridas. “Lançar mísseis contra o México não é algo que os militares americanos queiram fazer", conclui.

Acompanhe tudo sobre:Eleições EUA 2024México

Mais de Mundo

Putin sanciona lei que anula dívidas de quem assinar contrato com o Exército

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA