Repórter
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 15h43.
O México está planejando aumentar as tarifas sobre os veículos fabricados em países asiáticos, podendo chegar a 50%. As intenções do governo sobre a política tarifária foram divulgadas em uma declaração do ministro da Economia, Marcelo Ebrard, nesta quarta-feira, 10.
“Vamos aumentar a tarifa porque os preços dos carros que chegam ao México estão abaixo do que chamamos de preço de referência”, disse Ebrard durante um evento na Cidade do México. “O principal objetivo é proteger empregos. Estimamos que cerca de 320.000 empregos estejam diretamente ligados ao que acontece com esses produtos.”
Anteriormente, a presidente Claudia Sheinbaum afirmou que a intenção era aplicar tarifas sobre países que não tivessem acordos comerciais com o México, como parte de seu programa “Plano México”, com o objetivo de estimular a produção nacional, segundo informações da Bloomberg.
A proposta, que integra o orçamento para 2026, precisará da aprovação do Congresso, onde o partido governista tem uma maioria sólida. Se aprovada, a tarifa começará a valer 30 dias após ser publicada no Diário Oficial, acrescentou Ebrard.
A medida ocorre num momento em que os Estados Unidos estão intensificando a pressão sobre os países da América Latina para reduzir seus vínculos econômicos com a China, com quem disputam influência na região.
No começo deste ano, Ebrard havia se posicionado contra as tarifas, argumentando que essas medidas eram prejudiciais ao crescimento econômico e à estabilidade da inflação.
No início de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou aumento de 30% nas tarifas para os produtos importados do México. No entanto, no final do mesmo mês, após negociações com a presidente mexicana Claudia Sheinbaum, Trump decidiu o adiamento de 90 dias para a entrada em vigor das tarifas ao mercado mexicano, mantendo as tarifas estabelecidas anteriormente.
O anúncio foi feito pelo republicano na plataforma Truth Social: "Concordamos em estender, por 90 dias, exatamente o mesmo acordo que tínhamos no curto período anterior", segundo o qual o México "continuará pagando uma tarifa de 25% sobre o fentanil, uma tarifa de 25% sobre automóveis e uma tarifa de 50% sobre aço, alumínio e cobre".
Nos últimos anos, o mercado de carros chineses no México cresceu significativamente, com o país se tornando o maior destino global de veículos chineses em 2025, superando a Rússia, segundo dados da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros. Embora os veículos chineses enfrentem tarifas de até 20% no México, esse valor é baixo comparado às taxas dos EUA, onde o ex-presidente Joe Biden impôs uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos chineses e proibiu a maioria dos carros com software desenvolvido na China.
A elevação das tarifas sobre a China ajudaria a aumentar a arrecadação do México e auxiliaria Sheinbaum a encontrar formas de controlar o déficit orçamentário, que alcançou o maior nível desde os anos 1980 em 2024. O governo mexicano tem se concentrado em aumentar a arrecadação tributária sem realizar grandes aumentos de impostos.
Ela também tem promovido a indústria nacional por meio do "Plano México", que foca em parques industriais e em projetos de investimentos públicos para estimular o ambiente de negócios em um contexto econômico instável. Além disso, o governo Sheinbaum já havia aumentado os impostos sobre alguns produtos importados, como têxteis e roupas vendidos diretamente ao consumidor.