Mundo

México critica política migratória de Trump na ONU

Segundo o representante do México, "os muros entre as nações são também muros entre as pessoas e materializam o extremismo e a intolerância"

Fronteira: a comunidade internacional "não pode aceitar medidas unilaterais regressivas" (Justin Sullivan/Getty Images)

Fronteira: a comunidade internacional "não pode aceitar medidas unilaterais regressivas" (Justin Sullivan/Getty Images)

E

EFE

Publicado em 2 de março de 2017 às 11h56.

Genebra - O México criticou nesta quinta-feira na ONU a política migratória do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que propôs a construção de um muro na fronteira, decretou o veto migratório a refugiados e cidadãos de países de maioria muçulmana e idealizou um plano migratório para acelerar deportações.

"Os muros entre as nações são também muros entre as pessoas e materializam o extremismo e a intolerância em barreiras físicas e ideológicas que não aceitaremos sob nenhuma circunstância", afirmou o subsecretário para Assuntos Multilaterais e Direitos Humanos do México, Miguel Ruiz Cabañas, em um pronunciamento na 34ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da organização internacional.

O México, segundo Ruiz Cabañas, compartilha a "profunda preocupação" expressada por diversos mecanismos internacionais sobre a situação de vulnerabilidade na qual se encontram os migrantes, que, acrescentou o diplomata, "muito frequentemente são objeto de medidas que, sob o argumento da proteção da segurança, atentam contra seus direitos humanos mais fundamentais e sua integridade".

"Não nos equivoquemos, por trás destes discursos se escondem o racismo e a xenofobia", frisou Ruiz Cabañas.

O diplomata mexicano ressaltou que "as medidas de segurança mal concebidas não só não detêm a mobilidade humana, mas, além disso, fomentam riscos e a vulnerabilidade dos migrantes, pondo suas vidas em perigo".

"São medidas equivocadas, tanto de um ponto de vista moral como prático, dado o seu altíssimo custo social", destacou Ruiz Cabañas.

De acordo com o diplomata mexicano, "a difusão de medidas de segurança dirigidas a um grupo específico da população e a criminalização de certos grupos transgridem o Estado de Direito, violam o devido processo e são atos severamente discriminatórios".

"As normas internacionais que coletivamente estabelecemos assinalam claramente que temos a obrigação de defender os direitos humanos e promover a inclusão de todas as pessoas, independentemente de sua origem, nacionalidade e outras características", declarou o subsecretário.

Na opinião de Ruiz Cabañas, a comunidade internacional "não pode aceitar medidas unilaterais regressivas" e deve promover que o ser humano se mantenha no centro de toda a política.

O diplomata lembrou que, sob qualquer circunstância, os países são obrigados a garantir que todas as políticas, incluindo as medidas para garantir a segurança, "sejam plenamente baseadas no direito internacional", em particular o direito internacional dos direitos humanos, o direito internacional humanitário e o direito dos refugiados.

Ruiz Cabañas reiterou o compromisso do governo mexicano com a defesa de seus nacionais no exterior, e garantiu que utilizará "todos os meios juridicamente viáveis" para isso.

O representante concluiu que seu país continuará fomentando "o respeito e a proteção" de seus nacionais nos EUA, e se "esforçando para assegurar que os direitos dos cidadãos de outros países no México sejam observados plenamente".

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)ImigraçãoMéxicoONU

Mais de Mundo

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo