Evo Morales: político renunciou à presidência da Bolívia (Javier Mamani/Getty Images)
Reuters
Publicado em 11 de novembro de 2019 às 18h27.
Última atualização em 11 de novembro de 2019 às 18h54.
O México garantiu asilo ao ex-presidente da Bolívia Evo Morales, informou nesta segunda-feira (11) o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, depois de o líder boliviano ter renunciado ao cargo no domingo, em meio a disputa eleitoral e grave crise política no país.
"Informo que há pouco recebi uma ligação do presidente Evo Morales, mediante a qual respondeu ao nosso convite e solicitou verbal e formalmente o asilo em nosso país", confirmou o chanceler em entrevista coletiva.
O chanceler informou que o asilo foi concedido porque "sua vida e integridade correm riscos". Ele explicou que informaria às autoridades bolivianas sobre essa decisão para que procedam para conceder um salvo-conduto ao ex-presidente e garantias de que "sua vida, integridade pessoal e liberdade" não seriam colocadas em perigo".
Horas antes, Ebrard havida dito que, para o México, havia ocorrido um golpe de Estado na Bolívia e seu governo havia recebido mais de 20 pedidos de asilo político.
Na noite de domingo, 10, Evo denunciou que havia uma ordem de "prisão ilegal" contra ele. "Denuncio ao mundo e ao povo boliviano que um oficial da polícia anunciou publicamente que tem a instrução de executar uma ordem de prisão ilegal contra a minha pessoa", tuitou ele, que anunciou também que "grupos violentos" atacaram sua casa.
Além de Morales, três ministros e o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, também entregaram seus cargos na tarde do domingo.
Antes do anúncio da renúncia, Morales havia convocado novas eleições presidenciais, o que reacendeu a pressão de políticos da oposição e de manifestantes pela saída do presidente. As forças armadas da Bolívia haviam pedido que o presidente entregasse o cargo para um processo de pacificação do país.
Na manhã do domingo, a Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgou um comunicado recomendando que a Bolívia anulasse as eleições de outubro – que deram a Morales o que seria seu quarto mandato consecutivo – e convocasse um novo pleito.
O relatório da OEA foi divulgado em meio a indícios de irregularidades no processo eleitoral e uma onda de protestos violentos que tomaram as ruas bolivianas de la para cá, tanto contra quanto em apoio ao governo.
Em seu discurso de renúncia, Morales disse ser vítima de um golpe “cívico político e policial” e afirmou estar abrindo mão do cargo para conter o avanço da violência no país, em especial contra membros de seu governo e correligionários.
(Com Reuters, EFE e Estadão Conteúdo)