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Mexicanos aplaudem Peña Nieto por cancelar visita aos EUA

Peña Nieto anunciou o cancelamento de sua visita à Casa Branca horas depois que Trump ameaçou anulá-la se o México não fosse pagar pelo muro

Peña Nieto: "Trump não quer respeito: quer submissão. Não devemos ceder nem agora nem nunca", escreveu um historiador (REUTERS/Henry Romero)

Peña Nieto: "Trump não quer respeito: quer submissão. Não devemos ceder nem agora nem nunca", escreveu um historiador (REUTERS/Henry Romero)

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EFE

Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 21h17.

Cidade do México - Dirigentes políticos, intelectuais e cidadãos mexicanos elogiaram nesta quinta-feira a decisão do presidente Enrique Peña Nieto de cancelar sua visita aos Estados Unidos para se reunir com seu homólogo americano, Donald Trump, e pediram a formação de uma frente comum.

"Bravo, @EPN (Enrique Peña Nieto)! O México merece dignidade e respeito, não podemos dialogar onde não existe nenhum dos dois", afirmou o ex-presidente Vicente Fox (2000-2006) em sua conta no Twitter.

Peña Nieto anunciou o cancelamento de sua visita à Casa Branca, programada para terça-feira, horas depois que Trump ameaçou anulá-la se o México não estivesse disposto a pagar pelo muro, o que foi qualificado por vários líderes da oposição mexicana como uma "humilhação".

O senador do esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD), Miguel Barbosa, considerou "correta" a decisão do presidente, que - segundo disse - não podia "expor-se a ser agredido", e pediu "uma posição comum frente aos que hoje são nossos adversários".

"Digamos sem dificuldades, são nossos adversários. Donald Trump se constituiu como inimigo do México", afirmou o legislador, que acrescentou em reunião com senadores do PRD que apoiarão o governo "sem restrições (...) quando liderar uma política de Estado nesta grave crise".

Por sua vez, o presidente da Câmara dos Deputados, Javier Bolaños, disse ao governante que não está sozinho "nestes momentos definidores" e sugeriu a criação de uma frente comum para defender o país perante as ações de Trump.

Bolaños, do conservador Partido Ação Nacional (PAN), também pediu o retorno imediato dos titulares das Relações Exteriores, Luis Videgaray, e de Economia, Ildefonso Guajardo, que nesta quarta e quinta-feira se reuniram em Washington com membros da equipe de Trump, e ressaltou a importância de preparar-se perante um eventual esfriamento da relação bilateral.

Já o líder do esquerdista Movimento Regeneração Nacional (Morena), Andrés Manuel López Obrador, pediu que Peña Nieto convoque especialistas para que elaborem um processo contra os EUA por "violação de direitos humanos".

"É necessário comparecer a tribunais internacionais para defender os direitos dos migrantes o mais rápido possível e impedir que o governo dos Estados Unidos maneje a agenda ou tome a iniciativa", disse o político, que ofereceu a Peña Nieto o apoio do Morena perante essa "agressão".

O presidente da Suprema Corte de Justiça, Luis María Aguilar Morales, também pediu unidade para fazer frente às investidas procedentes dos EUA.

"Não podemos tolerar que ninguém nos venha dizer o que devemos fazer, nem o que outras pessoas queiram fazer de nós. Somos um país com soberania, com independência", salientou.

Por sua vez, o historiador Enrique Krauze celebrou o cancelamento do encontro através do Twitter e comentou que "é hora de percorrer as duas fronteiras e repudiar o muro".

"Trump não quer respeito: quer submissão. Não devemos ceder nem agora nem nunca", escreveu, após lembrar que "o México ganhou uma negociação-chave com os Estados Unidos em 1877, por ser firme e digno".

Em entrevistas à Agência Efe cidadãos como o mensageiro Guillermo Sánchez também expressaram seu apoio ao cancelamento da visita porque Trump está "agarrado" à ideia de que o muro "seja pago pelo mexicanos".

María Guadalupe Herrera, vendedora de bens imóveis, também elogiou "uma resposta finalmente firme perante um ataque sem sentido de parte do governo de Trump", mas pediu mais contundência.

Por sua parte, o estudante Daniel Alejandro Martínez disse que teria preferido que o presidente encarasse Trump de frente: "Impor-se, antes de tudo, porque não há nada a temer".

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