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Metade das espécies pode desaparecer até 2100

Estudo publicado na 'Nature' reforça a hipótese de que o homem está desencadeando a sexta extinção em massa da história da Terra

Extinção em massa: o mico-leão dourado terá o mesmo destino dos dinossauros? (Mario Leite/VEJA)

Extinção em massa: o mico-leão dourado terá o mesmo destino dos dinossauros? (Mario Leite/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2011 às 20h19.

São Paulo - Um artigo publicado no periódico americano Nature reforça a hipótese de uma nova extinção em massa - como é conhecido o desaparecimento de várias espécies em um curto período de tempo. Depois das cinco grandes extinções provocadas por eventos naturais, ao longo dos últimos 540 milhões de anos, a sexta teria sido desencadeada pelo homem: a caça e a pesca em larga escala, a contaminação por germes e vírus e a alteração do clima por causa da queima de combustíveis fósseis poderão responder pelo desaparecimento de metade das espécies até 2100.

Paleontólogos da Universidade da Califórnia (EUA) analisaram o estado atual da biodiversidade utilizando os mamíferos como parâmetro. Dessa análise, surgiu um padrão que mostra o estrago feito pelos humanos. De acordo com os pesquisadores, até 500 anos atrás, a extinção de mamíferos era evento relativamente raro. Na média, afirmam, apenas duas espécies desapareciam a cada milhão de anos. Nos últimos cinco séculos, contudo, pelo menos 80 das 5.570 espécies de mamíferos desapareceram. Para a equipe, os números não deixam dúvidas de que uma sexta extinção em massa da Terra está em andamento.

De acordo com o biólogo francês Gilles Boeuf, presidente do Museu de História Natural de Paris, a influência do homem no que seria a sexta extinção em massa foi levantada pela primeira vez em 2002. Até agora, os cientistas identificaram 1,9 milhão de espécies, e entre 16.000 e 18.000 novas espécies — a maioria microscópica — são descobertas todos os anos. "Nesse passo, levaremos mil anos para registrar toda a biodiversidade do planeta, que está entre 15 e 30 milhões de espécies", afirma Boeuf. "Contudo, se a destruição continuar, até o fim do século teremos desaparecido com metade das espécies, especialmente em florestas tropicais e recifes".

O quadro alarmante é corroborado pela Lista Vermelha de animais ameaçados de extinção, compilada pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Se as taxas de desaparecimento das espécies continuarem como estão "a sexta extinção em massa pode ocorrer entre 300 e 2.200 anos", diz o pesquisador Anthony Barnosky, um dos autores do estudo. Mesmo assim, os paleontólogos têm esperança. "Até agora, apenas 2% de todas as espécies foram extintas. A Terra ainda possui bastante biodiversidade para ser salva."

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